O povo não come PIB, prefere feijoada
A saudosa economista petista Maria Conceição Tavares, que nos deixou em junho deste ano, costumava dizer com sabedoria: o povo não come PIB [“Ninguém come PIB“]. E não é que ela tinha razão? Enquanto o governo celebra um crescimento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2024, a realidade nas mesas dos brasileiros é bem diferente.
No último sábado (30), em Curitiba, a Feijoada Solidária em apoio ao Hospital Pequeno Príncipe mostrou o que realmente importa. Líderes de todos os partidos e cidadãos sem filiação política se reuniram em um movimento plural e suprapartidário. A feijoada, além de deliciosa, simbolizou a união e a solidariedade em prol de uma causa nobre. Afinal, é isso que o povo quer: alimento na mesa e acesso à saúde.
O PIB, para quem não está familiarizado, é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país, geralmente em um ano. Mas esse número grandioso, que chegou a R$ 3 trilhões neste trimestre, não se reflete no bolso da maioria dos brasileiros. Enquanto a indústria e o setor de serviços apresentaram altas de 0,6% e 0,9%, respectivamente, a agropecuária caiu 0,9%. O consumo das famílias cresceu 1,5%, mas será que esse aumento é suficiente para compensar a alta dos preços e a perda do poder de compra?
O pacotão econômico do ministro Haddad, com cortes em áreas sociais e concentração de recursos nas mãos do setor financeiro, é um retrato fiel de como a riqueza não está sendo distribuída de forma justa. Banqueiros e especuladores celebram, enquanto a população enfrenta dificuldades para fechar as contas do mês. Maria Conceição Tavares, em sua sabedoria, alertava para os perigos de um crescimento econômico que não chega à mesa do trabalhador.
Em um país onde as exportações caíram 0,6% e as importações subiram 1%, fica claro que há algo desequilibrado. Investimentos cresceram 2,1%, mas onde estão sendo aplicados? Em setores que beneficiam a população ou apenas alimentam a ciranda financeira?
Os números podem até ser positivos para as estatísticas governamentais, mas o que o povo realmente quer é emprego, saúde, educação e comida no prato. A feijoada solidária é um símbolo poderoso disso: mais do que índices econômicos, as pessoas precisam de ações concretas que melhorem suas vidas.
Aliás, tem algo muito errado nisso. Como que o PIB aumenta e os investimentos governamentais diminuem para a coletividade?
Maria Conceição Tavares, morta em junho, vive em cada crítica a um sistema que privilegia números em detrimento de pessoas. É hora de lembrar que o verdadeiro crescimento é aquele que se reflete no bem-estar da população. Porque, no fim das contas, o povo não come PIB, prefere feijoada.
Publicação de: Blog do Esmael