Crise do INSS trava recuperação de Lula, diz Datafolha

A crise no INSS travou a recuperação de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aponta a nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12). A aprovação caiu para 28%, enquanto a reprovação subiu a 40% — o pior índice desde o início do terceiro mandato.

No levantamento anterior, em abril, Lula registrava 29% de aprovação e 38% de reprovação. Os números voltam a se inverter, sinalizando estagnação. A percepção pública continua afetada por escândalos recentes, em especial o caso dos descontos ilegais em aposentadorias.

A operação Sem Desconto, da Polícia Federal, revelou um esquema bilionário de desvios no INSS: R$ 6 bilhões retirados de aposentados por meio de entidades conveniadas a políticos e atravessadores. Embora o governo tenha atribuído o início do esquema à gestão Bolsonaro, as investigações indicam continuidade até 2024.

O que você precisa saber da pesquisa Datafolha:

  • Ruim/péssimo: 40% (eram 38% em abril);
  • Regular: 31% (eram 32%);
  • Ótimo/bom: 28% (eram 29%);
  • Não sabem: 1% (era 1%).

Escândalo abala confiança entre eleitores de Lula

A leitura fácil de “roubo de velhinhos” se consolidou. E a comunicação oficial falhou em conter o dano simbólico — diz o levantamento.

A queda de avaliação foi mais intensa entre eleitores com ensino superior, onde a aprovação recuou de 31% para 25%. Já entre os mais pobres (até dois salários mínimos), Lula mantém resiliência: 32% aprovam, enquanto 33% reprovam.

Desde dezembro de 2024, quando o presidente alcançava 35% de ótimo ou bom, a curva foi descendente. Em fevereiro, caiu para 24%, após recuo constrangedor do governo sobre a fiscalização do Pix — uma medida mal comunicada que teve de ser abortada pela equipe do ministro Fernando Haddad.

Na tentativa de conter o desgaste, Lula trocou o comando da comunicação e entregou a função a Sidônio Palmeira. O impacto imediato foi limitado. O caso INSS seguiu ocupando o noticiário e fragilizando a imagem pública da gestão.

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Articulação política garante vitórias no Congresso

Apesar da pressão midiática e dos desgastes na opinião pública, o governo não sofreu derrotas legislativas. Sob a coordenação de Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais, a articulação política tornou-se o ponto mais sólido da administração.

O Executivo tem vencido votações importantes, inclusive em pautas sensíveis. A base aliada se mantém coesa, graças à interlocução direta com líderes do Congresso e ao trabalho de bastidor que tem blindado o governo de maiores turbulências institucionais.

A narrativa de “isolamento político” sustentada por parte da imprensa e da oposição não se sustenta nos fatos. Lula governa com maioria e margem de manobra para tocar sua agenda até 2026.

Mercado pressiona, velha mídia amplifica ruído

As críticas mais duras hoje vêm do sistema financeiro. A elevação do IOF para equilibrar o Orçamento foi lida como afronta pela Faria Lima. Diante da gritaria de banqueiros e gestores, o governo recuou. A velha mídia, alinhada a esse setor, tratou de construir a imagem de um governo desorganizado — mesmo diante de um Congresso controlado e uma economia em retomada.

O ruído afeta o humor do mercado e a percepção do eleitorado, embora não reflita o conjunto dos dados objetivos. A disputa pelo controle da narrativa voltou ao centro do tabuleiro.

Lula precisa reagir antes que desgaste se consolide

Os dados do Datafolha soam como alerta. A aprovação em 28% e a reprovação em 40% indicam um governo em zona de risco. A crise do INSS não é apenas administrativa — é simbólica, pois atinge justamente o eleitorado que garantiu a vitória de Lula em 2022.

A reconstrução da confiança exige mais do que marketing. Requer medidas concretas, respostas firmes e um governo que sinalize clareza de rumo. Enquanto isso não acontece, a elite financeira segue ditando o ritmo, e o Brasil real continua à espera de um Estado que funcione.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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