Cessar-fogo no Líbano traz esperança e expõe fragilidades

Milhares de libaneses iniciaram, nesta quarta-feira, o retorno às suas casas após 13 meses de um conflito devastador entre Israel e Hezbollah. As estradas que levam ao sul de Beirute ficaram congestionadas com veículos abarrotados de pertences, enquanto famílias inteiras voltavam para comunidades destruídas pela guerra.

A informação é do jornal americano The New York Times.

A alegria de voltar para casa mistura-se ao temor do que encontrarão. Muitos não têm certeza se suas residências ainda estão de pé ou se haverá condições básicas para retomar a vida. “Finalmente podemos ir para casa. Estamos tão felizes, graças a Deus”, disse Hanna Trad, de 39 anos, que fugiu com a família de Maarakeh. Contudo, ela recebeu notícias de vizinhos que perderam a vida e de que sua casa teve as janelas quebradas.

O cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos, é visto como uma esperança, mas também como algo frágil. A trégua de 60 dias pode não ser suficiente para cicatrizar as feridas de uma guerra que deixou milhares de mortos e destruiu infraestruturas essenciais.

No sul do Líbano, região que faz fronteira com Israel e foi um dos principais palcos do conflito, a situação é ainda mais delicada. O exército israelense informou que, por enquanto, não permitirá o retorno dos moradores a áreas que eram redutos do Hezbollah. Cerca de um quarto da população libanesa foi deslocada pela guerra, e muitos ainda não sabem quando poderão voltar.

Após mais de um ano de combates intensos, o Hezbollah aceitou o cessar-fogo em uma posição claramente enfraquecida. A organização, que por anos se apresentou como a principal defesa contra Israel, viu seus principais líderes serem alvos de ataques precisos, graças à infiltração de inteligência israelense. A morte de Hassan Nasrallah, que liderou o grupo por 32 anos, foi um duro golpe.

ALEP 170 anos

Além das perdas humanas, os bastiões do Hezbollah foram severamente bombardeados, forçando centenas de milhares a fugir e deixando um rastro de destruição. A decisão do grupo de lançar foguetes contra Israel sem consultar outros setores políticos isolou o Líbano regionalmente e internamente, gerando críticas sobre a forma unilateral com que agiu.

O país agora enfrenta o desafio de reconstruir não apenas suas cidades, mas também sua estrutura política. Há uma expectativa de que os demais partidos possam se sentir encorajados a contestar a influência do Hezbollah. No entanto, ainda não está claro se haverá unidade suficiente para promover mudanças significativas.

Enquanto o Líbano busca se reerguer, a vizinha Síria vive uma nova escalada de violência. Grupos rebeldes sírios lançaram a maior ofensiva em anos contra o governo de Bashar al-Assad, tomando uma base militar estratégica e avançando em direção a Aleppo. Os ataques, que resultaram em dezenas de mortes, mostram a crescente capacidade dessas facções e a vulnerabilidade do regime sírio.

Destino Iguaçu

Especialistas apontam que essa movimentação pode estar relacionada à volatilidade crescente na região, especialmente com Israel enfraquecendo aliados do regime sírio, como o Hezbollah e o Irã. A população civil, como sempre, é a mais afetada. “Podemos ouvir as explosões. Podemos ouvir os combates na linha de frente”, relatou Mustafa Aledou, morador de Idlib.

Diante desse cenário complexo, a solidariedade internacional e o apoio humanitário tornam-se essenciais. O Líbano precisa não apenas de recursos para a reconstrução física, mas também de apoio para promover a estabilidade política e social.

A comunidade internacional tem a oportunidade de auxiliar na promoção de um diálogo que evite novos conflitos e que permita ao povo libanês reconstruir suas vidas com dignidade e esperança. O caminho não será fácil, mas a resiliência do povo libanês é um sinal de que dias melhores podem estar no horizonte.

O cessar-fogo traz um alívio necessário após meses de sofrimento, mas também expõe fragilidades que o Líbano enfrentará nos próximos meses. A reconstrução das cidades e a reconfiguração política serão tarefas árduas. No entanto, a determinação das pessoas que voltam para casa, mesmo sem garantias, é um testemunho da força e da esperança que podem guiar o país rumo a um futuro mais pacífico.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *