Lula banca Lupi e desarma “cama de gato” da velha mídia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resiste firme à pressão da velha mídia para demitir Carlos Lupi (PDT) do Ministério da Previdência Social, após denúncias de fraudes no INSS.
Mas a jogada não é apenas administrativa. Ela é política — e antiga.
Trata-se da tentativa de armar uma “cama de gato” contra Lula, usando um escândalo para isolar o presidente, fragmentar sua base e abrir fissuras que possam minar sua reeleição em 2026.
O roteiro é familiar para quem acompanhou o golpe contra Dilma Rousseff.
O que é a “cama de gato” armada contra Lula?
A expressão “cama de gato” se refere à armadilha clássica usada pela velha mídia e setores conservadores: pressionar o governo a demitir aliados sob pretexto de ética, isolá-lo politicamente e, depois, atacar ainda mais um governo enfraquecido.
Foi o que ocorreu em 2011, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, quando o marqueteiro João Santana sugeriu uma “faxina ética” para agradar os jornalões.
Resultado: Dilma perdeu apoio político no Congresso, ficou vulnerável e acabou sofrendo o impeachment em 2016.
Agora, querem repetir a dose: forçar a queda de Carlos Lupi para testar a força de Lula e dividir sua base aliada.
Só que Lula aprendeu com a história — e decidiu não ceder.
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O esquema de fraudes no INSS: o que sabemos até agora
As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um esquema milionário envolvendo descontos indevidos nas aposentadorias e pensões.
Segundo a operação “Sem Desconto”, associações de aposentados, com apoio de servidores corruptos do INSS, desviaram mais de R$ 6 bilhões.
O problema não é novo: já existia no governo Bolsonaro e foi se agravando em 2023, no primeiro ano do terceiro mandato de Lula.
“Lupi foi alertado e demorou para agir”
O colunista Carlos Andreazza, do Estadão, foi direto: o ministro Carlos Lupi sabia dos problemas desde junho de 2023, mas só tomou providências efetivas em março de 2024.
Segundo ele, mesmo com as medidas, o esquema continuou avançando.
“Quaisquer que tenham sido as providências tomadas, o esquema continuou e até se fortaleceu”, escreveu Andreazza, reforçando o desgaste político do ministro, fazendo coro com a TV Globo.
Lupi admite: “Eu sabia do esquema”
Em entrevista ao jornal O Globo, Lupi reconheceu que sabia das denúncias, mas justificou a demora:
“No governo, tudo é mais lento do que numa empresa privada”, disse.
O ministro alegou que pediu a apuração interna no INSS, mas que os relatórios demoraram. Ele também destacou:
- Demitiu o diretor de Benefícios, André Fidelis, por “incompetência”;
- Cancelou 2,4 milhões de autorizações irregulares com nova Instrução Normativa;
- Reclamou da sobrecarga da Dataprev para implantar biometria antifraude.
Apesar disso, a pressão sobre o governo só aumentou.
O líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), elevou o tom ao defender o ministro:
“Se Lupi for demitido, o PDT será demitido junto”, cravou.
Segundo Heringer:
- O Ministério da Previdência é um “patinho feio” que só traz ônus;
- O esquema de fraudes vem de governos passados e não pode ser imputado exclusivamente a Lupi;
- O partido não indicará substituto caso o ministro caia.
Ou seja: a permanência de Lupi virou questão de honra para o PDT — fundamental para a base de Lula no Congresso.
Sobre o escândalo no INSS
Lula vai demitir Carlos Lupi?
Não. Apesar da pressão midiática, Lula decidiu manter Lupi no ministério, salvo o surgimento de provas diretas que o impliquem.
O que motivou a crise no INSS?
Fraudes bilionárias em descontos associativos sem autorização de aposentados e pensionistas, esquema que se agravou após 2023.
Carlos Lupi sabia dos problemas no INSS?
Sim. O ministro admitiu ter sido alertado em 2023, mas atribui a demora a entraves burocráticos internos.
Qual a posição do PDT sobre a crise?
O partido fechou questão: se Lupi cair, o PDT rompe politicamente com o governo.
A crise pode impactar Lula nas eleições de 2026?
Sim. Qualquer desgaste na área social, especialmente na Previdência, pode ser usado pela oposição para minar a candidatura de Lula à reeleição.
Lula joga para vencer em 2026
Ao bancar Carlos Lupi, Lula demonstra entender o jogo de poder.
Ceder à pressão da velha mídia agora seria repetir o erro da “faxina ética” que isolou Dilma Rousseff e abriu caminho para o golpe de 2016.
Lula opta por preservar sua base aliada — e aposta que enfrentar tempestades é melhor do que abrir fissuras internas.
A luta, meus caros, é longa. E ela passa por saber quem são os verdadeiros inimigos.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael