Inflação interrompe crescimento de Bolsonaro

Foto: Reprodução

SOBRE A PESQUISA IPESPE DIVULGADA HOJE (25/MAR)

MEDIÇÕES QUINZENAIS MOSTRAM QUE O MEDO DA INFLAÇÃO DISPARA E INTERROMPE A RECUPERAÇÃO DE BOLSONARO ESBOÇADA ENTRE JANEIRO E INÍCIO DE MARÇO.

1. OS PREÇOS “AUMENTARAM MUITO” PARA 77% DOS BRASILEIROS E “AUMENTARAM” PARA 20%. Apenas 1% disseram que ficaram “iguais” e outros 1% acharam que eles até “diminuíram. Acreditam que eles continuarão a “aumentar muito”nos próximos meses, 33% (eram 27% há uma quinzena) e crêem que eles “vão aumentar”, 46%. Como em qualquer sociedade, o aumento da inflação se sobrepõe à queda do dólar e mesmo à redução do desemprego. E faz a opinião de que a economia vai no “rumo errado” voltar ao patamar de fevereiro, 63%, versus 27% que afirmam que ela está no “rumo certo”.

2. QUEM TEM MAIS RESPONSABILIDADE PELO AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS? “GOVERNO BOLSONARO”, COM 45%, EMPATA COM “GUERRA NA UCRÂNIA”, TAMBÉM COM 45%. Vindo depois, nessa categoria (“muita responsabilidade”), refletindo o debate político, os “Governadores dos Estados”, com 39%, os “Governos anteriores de Dilma e Lula”, 35%, e o “Supremo Tribunal Federal”, com 29%.

3. VOLTA A SUBIR A “DESAPROVAÇÃO” AO GOVERNO, DE 63% PARA 65%. E A AVALIAÇÃO “RUIM/PÉSSIMO”, DE 52% PARA 54%. Enquanto a “Aprovação” recua de 32% para 31% e o “Ótimo/Bom”, de 27% para 26%. Interrompe-se, assim, o movimento de recuperação da imagem medido nas cinco pesquisas quinzenais nacionais anteriores, que o IPESPE realizou este ano. Se cumprida a expectativa da autoridade monetária de que o “pico” da inflação ainda ocorrerá em abril, com prováveis reflexos nos meses seguintes, isso poderá dificultar a recuperação da popularidade do Presidente antes do início da campanha eleitoral. A partir de junho também acaba a propaganda oficial, incluindo a utilização das redes de TV para anúncios de programas federais etc. Ou seja, encerra-se o período em que o Governo tem monopólio da propaganda, restando à Oposição fazer barulho apenas na imprensa e nas mídias sociais.

4. QUANTO À ELEIÇÃO, AUMENTA DE 15 PARA 18 PONTOS A DIFERENÇA LULA- BOLSONARO NO PRIMEIRO TURNO. Lula foi de 43% a 44%; Bolsonaro recuou de 28% para 26%; Moro avançou um, tem agora 9%, na terceira colocação; Ciro perdeu um e ficou com 7%. Doria diminuiu para 2%. Janones, Simone Tebet, Felipe D’Ávila e Eduardo Leite têm 1%, cada um deles.

5. NO SEGUNDO TURNO, LULA, DA MESMA FORMA, AUMENTA A VANTAGEM SOBRE BOLSONARO, PASSANDO DE 53% PARA 54%, E O PRESIDENTE DE 33% PARA 31%. Contra os demais adversários Lula tem: 52% X Moro, 30%; 51% X Ciro, 24%; 54% X Doria, 19%; 56% X Eduardo Leite, 19%.

6. OS NÚMEROS DA AVALIAÇÃO ATUAL DE BOLSONARO COMBINADOS AOS DA AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DOS PRINCIPAIS ADVERSÁRIOS FORNECEM A CHAVE PARA SE ENTENDER O RESULTADO DAS PESQUISAS. Em tempo de eleições “normais”, como as que teremos esse ano, tão diferentes das “eleições críticas” de 2018, onde a experiência político-administrativa dos postulantes é muito reclamada pela sociedade, uma vasta literatura da ciência política, inclusive a brasileira, aponta para a fecundidade interpretativa do modelo de voto “prospectivoretrospectivo”, como principal chave para desvendar os resultados das intenções de voto. Muito sucintamente, o modelo nos diz que os eleitores, consciente ou inconscientemente, projetam um eventual futuro governo sob o mando dos candidatos baseados: a) nas propostas e promessas de difícil credibilidade que eles fazem; b) e, sobretudo, na avaliação atual ( do incumbente) ou “retrospectiva” no caso de ex-governantes, do seu desempenho anterior. Lógico que a experiência no cargo em disputa é mais relevante do que em posições inferiores. O quadro abaixo hierarquiza por saldos cada um dos cinco primeiros colocados na pesquisa. A leitura positiva dos governos de Lula (58%) desenha o mercado onde se situam seus atuais eleitores do primeiro ou segundo turnos. O mesmo se dando com os demais. Bolsonaro foi perguntado como presidente atual; Lula pelo recall de seus governos; Moro e Ciro, pelo dos respectivos ministérios; e Doria, pela sua atuação como governador. Essa avaliação é baseada no que as pessoas “sabem ou ouviram falar”. Segundo o paradigma teórico citado, essa variável, cujos números podem naturalmente melhorar ou piorar ao longo do tempo, será fundamental para ditar as chances dos concorrentes. É interessante notar que, no momento, muito da comunicação de alguns presidenciáveis passa bem longe dessa preocupação.

AVALIAÇÃO (%)
ÓTIMO / BOM   RUIM / PÉSSIMO  SALDO
Lula                 58                    25                      +33
Ciro                 27                    20                      +07
Moro               33                    36                       -03
Doria               23                    32                       -09
Bolsonaro        26                   54                        -28

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Redação 

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