Diplomacia brasileira faz feio em conflíto russo-ucraniano
O fator Bolsonaro e, em particular, a tímida atuação do ministro no episódio russo joga a diplomacia brasileira, uma das mais preparadas do mundo, em seu pior momento.
A avaliação é de diplomatas ouvidos pelo blog. Todos apontaram a “tibieza” do ministro nos acontecimentos recentes.
Primeiro porque demorou para se posicionar (veja aqui a nota). Segundo porque o posicionamento foi considerado ameno ao não condenar os ataques.
Ao assumir o Ministério das Relações Exteriores após a saída do radical Ernesto Araújo, a avaliação interna era a de que, embora não tivesse tanta experiência para assumir o cargo naquele momento, Carlos França devolveria a política externa brasileira ao seu curso normal.
E isso, de fato, aconteceu em diversos momentos. Primeiro porque França é conhecido pela sobriedade. Segundo, e talvez o mais importante, pelo fato de que nada seria pior do que o seu antecessor.
Antes de Bolsonaro embarcar para a Rússia, o chanceler telefonou ao seu homólogo ucraniano para informar que o giro por Moscou seria apenas para tratar de comércio, segundo informação publicada pelo jornal “O Globo” na ocasião.
No pronunciamento ao lado de Vladimir Putin, Bolsonaro sapecou um “solidariedade” — para o arrepio de diplomatas experientes e jovens. E isso, claro, desmoralizou o chanceler.
A versão interna de que Carlos França não sabia que o chefe soltaria a expressão até faz sentido. E isso, em si, conforme avaliação de integrantes do corpo diplomático, é mais uma mostra da sua condição de assessor, não de conselheiro de política externa.
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