Professora Angela (PSOL) e Bettega (MBL) travam batalha na Câmara em Curitiba

A política curitibana vive um embate simbólico. De um lado, a vereadora Professora Angela (PSOL), primeira representante do partido na cidade, eleita com a promessa de ser “pedra no sapato da extrema-direita” . Do outro, João Bettega (União), influenciador digital do MBL, que chegou ao Legislativo com 12.346 votos e um histórico de polêmicas. O estopim? A invasão do Hospital Cajuru por Bettega, criticada por Angela em vídeo viral [assista abaixo].
Na semana passada, Bettega adentrou o Hospital Cajuru alegando “fiscalizar” o atendimento. A ação, porém, foi interpretada como intimidação. Professora Angela reagiu publicamente:
“Imagina se ele usasse toda essa ‘valentia’ pra defender investimento no SUS?”, questionou, destacando a precariedade da saúde pública e a necessidade de concursos e novas unidades.
A crítica não é isolada. Bettega, que já se autointitulou “fiscalizador feroz” , tem histórico de ações semelhantes. Em 2023, invadiu a UFSC para apagar pichações, gerando confrontos com estudantes. Na época, a universidade repudiou a violência, mas classificou o ato do MBL como “invasão”.
Na campanha eleitoral de 2022, Bettega também bateu boca nas ruas com o cientista político e dirigente da UGT-PR, Paulo Rossi. Durante a cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro, em tom de deboche, o vereador ligado ao MBL atribuiu ao sindicalista sua expressiva votação.
João Bettega (MBL):
- Eleito em 2024 pelo União Brasil, promete combater a “esquerda” e priorizar segurança pública.
- Condenado pela Justiça em 2023 por expor um adolescente autista em vídeo manipulado.
- Envolvido em brigas físicas, como o tapa do deputado Fernando Martins (Republicanos-PR) após questionar gastos com aluguel.
Professora Angela (PSOL):
- Primeira vereadora do partido em Curitiba, eleita com discurso antifascista e foco em educação e direitos das mulheres .
- Critica a substituição de “fundamentalistas religiosos” por “youtubers de direita” na Câmara, citando Bettega como exemplo .
A eleição de 2024 em Curitiba refletiu a ascensão de perfis radicais. Enquanto a direita elegeu “influenciadores” como Bettega, a esquerda viu Angela conquistar espaço com pautas progressistas . O MBL, grupo conhecido por ações midiáticas, agora enfrenta o problema de traduzir o ativismo digital em legislatura — algo que Angela busca desconstruir.
O caso do Hospital Cajuru ilustra essa dinâmica. Para o PSOL, a invasão simboliza a “teatralização da política”, que prioriza likes sobre soluções. Já Bettega defende suas ações como “fiscalização do dinheiro público”, ecoando o discurso antipetista que o elegeu.
O embate entre Angela e Bettega não se limita a um hospital. É um microcosmo da guerra cultural no Brasil, onde instituições públicas viram palco de disputas narrativas. Enquanto a vereadora do PSOL pressiona por investimentos no SUS, Bettega mira licitações do transporte público — tema que promete priorizar em 2025.
A pergunta que fica: em um Legislativo com recorde de mulheres, mas maioria conservadora, qual modelo prevalece? O da espetacularização ou o da gestão técnica? A resposta dirá muito sobre os rumos não só de Curitiba, mas da política brasileira.
Publicação de: Blog do Esmael