Pedro Carvalhaes: O que se viu em Brasília foi a cornitude dos bolsofascistas

Cornitude fascista

Por Pedro Carvalhaes*, especial para o Viomundo

Não busquem lógica na tentativa de insurreição fracassada desse domingo, 8 de janeiro.

O fascismo — depois ontem não resta dúvida à qual corrente o bolsonarismo se filia— é, em essência, irracional.

Desperta, na massa que o segue, a preponderância da pulsão de morte sobre a pulsão de vida, invertendo o modus operandi basal da psique humana.

Muito mais do que um golpe, o que os terroristas bolsofascistas que invadiram Brasília desejavam era a destruição, ainda que simbólica, da República, diante da derrota nas urnas de Bolsonaro e de seu projeto autoritário e antidemocrático.

É típico do fascismo, nos momentos de desmoronamento dos seus regimes, a ideia de destruição da própria nação, por essa ter se mostrado supostamente indigna do projeto fascista.

Hitler mandou destruir a estrutura ferroviária alemã, quando soube que as tropas soviéticas se aproximavam de Berlim.

Mussolini, por seu turno, mandou milhares de soldados italianos para a morte certa, em batalhas que já não poderiam vencer, diante da debilidade da Itália na guerra.

É a pulsão de morte que norteia o fascismo agindo.

Uma metáfora que explica esses desvarios é a do homem adoentado de paixão que é deixado pela amada, e que a mata, como quem diz: “não sendo minha, não será de mais ninguém”.

Foi exatamente isso que os terroristas que assaltaram a Praça dos Três poderes, ainda que simbolicamente, tentaram dizer: “se a República não será nossa, não será de mais ninguém!”

E não é por acaso a comparação que faço entre o desvario de um amante abandonado e o desvario dos terroristas do último domingo: a libido recalcada é uma das forças motrizes do fascismo.

Trocando em miúdos: o que se viu em Brasília foi uma grande desforra corna.

Que todos os envolvidos sejam exemplarmente punidos.

Foi-se o tempo em que feminicidas e democracidas poderiam ficar impunes.

*Pedro Carvalhaes é roteirista.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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