Luís Felipe Miguel: O jogo de Romeu Zema e por que ele é perigoso

Por Luís Felipe Miguel, em perfil de rede social

Zema se move para ser o novo Bolsonaro. Mas ter um novo Bolsonaro não serve à democracia brasileira.

Romeu Zema disse, em entrevista, que Lula fez vista grossa sobre os ataques à Praça dos Três Poderes para posar de vítima.

Do ponto de vista empírico, as acusações do governador de Minas Gerais carecem de qualquer base. É apenas uma mentira com objetivo político.

Zema se vende como “administrador”, mas faz tempo que mostra ser um mestre nas artes da política mais canalha.

A maneira como logrou o eleitorado no primeiro turno, simulando neutralidade na disputa entre Lula e Bolsonaro, é exemplo perfeito.

É cada vez mais provável que Bolsonaro seja descartado pelo sistema político. Se não a prisão, pelo menos a inelegibilidade parece difícil de ser evitada.

Zema age para ocupar o vácuo que a ausência de Bolsonaro deixa. Ao lançar falsas acusações contra o governo, com o sentido de aliviar para os golpistas (eles teriam sido, no final das contas, vítimas de uma armadilha), acena à base bolsonarista radical.

Este é o movimento que não pode ser admitido.

A formação de um cordão sanitário em torno de Bolsonaro, tornando-o tóxico para a elite política, não responde apenas à necessidade de isolá-lo. É uma exigência da reconstrução da convivência democrática no país.

Isolar Bolsonaro e permitir uma corrida pela liderança do extremismo de direita, por oportunistas sem compromisso democrático como Zema, nos deixa no mesmo lugar.

*Luis Felipe Miguel é professor da UnB. Coordenador do Grupo sobre Democracia e Desigualdades (@demode.unb)

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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