Cristina Graeml e Gleisi lideram corrida ao Senado no Paraná, diz pesquisa

Se a eleição fosse hoje, o Paraná elegeria duas mulheres ao Senado. De um lado, Cristina Graeml (Podemos), apresentadora e novata na política tradicional. Do outro, Gleisi Hoffmann (PT), ministra das Relações Institucionais e veterana na luta política. A mais recente pesquisa Neokemp, realizada nos dias 28 e 29 de abril de 2025, mostra que ambas lideram os dois principais cenários testados, com margem confortável sobre os demais concorrentes.

Cenário 1: Graeml e Gleisi à frente

No cenário mais crível, Cristina Graeml lidera com 18,2% das intenções de voto, seguida por Gleisi Hoffmann com 14,3%. Em seguida aparecem Filipe Barros (PL) com 12,3% e Beto Preto (PSD) com 10,5%. Mas o que salta aos olhos é o índice de indecisos (28%) e brancos/nulos (16,7%), que juntos somam 44,7% — um campo fértil para mudanças, mas também sinal claro de desinteresse ou desalento do eleitorado.

Gleisi tem melhor desempenho entre eleitores de 35 a 59 anos, enquanto Cristina lidera entre os mais jovens, de 16 a 24 anos. Regionalmente, a petista desponta no Sudoeste (28,3%) e no Centro Ocidental (25,7%), enquanto Cristina Graeml brilha na capital e entorno, com 25,6% na Região Metropolitana de Curitiba.

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Cenário 2: Deltan entra no jogo, mas não vira

No segundo cenário, com Deltan Dallagnol (Novo) na disputa, o ex-procurador da Lava Jato aparece em primeiro com 20,9%, mas Graeml mantém 16,7% e Gleisi ainda tem margem sólida de 10,1%, empatada tecnicamente com Zeca Dirceu (PT), que registra 10,1%. Filipe Barros aparece com 9,0%, e o número de indecisos segue alto: 25,2%.

Deltan Dallagnol segue inelegível, pois, em 2023, o ex-procurador da Lava Jato foi cassado pelo TSE por fraude à lei.

Apesar da liderança de Deltan, o cenário favorece as duas mulheres, pois os eleitores de Barros e Beto e se fragmentam. A chance de Graeml e Gleisi levarem as vagas aumenta quando se observa o segundo voto declarado dos eleitores — o que confirma a tendência da dobradinha feminina.

Segundo voto consolida favoritismo feminino

Quando o eleitor é convidado a declarar seu segundo voto para o Senado, a dobradinha Cristina–Gleisi ganha força. Cristina Graeml tem 15,1% como segunda opção, e Gleisi Hoffmann surge com 11,2%. O inelegível Deltan lidera com 18,9%, mas perde consistência ao competir com a ministra de Lula e a jornalista conservadora no mesmo campo de voto opinativo.

O eleitor paranaense parece disposto a premiar vozes femininas de lados opostos do espectro político. Gleisi carrega a experiência institucional do Planalto; Cristina, a retórica de indignação das redes bolsonaristas. Ambas são conhecidas. Ambas polarizam. E ambas mobilizam.

Ratinho que se cuide

Embora não seja candidato ao Senado, o governador Ratinho Júnior (PSD) observa essa movimentação com preocupação. Se não conseguir se viabilizar para a sucessão presidencial de 2026, poderá encontrar dificuldades para entrar na disputa pela Câmara Alta. Seu nome não aparece nos cenários ao Senado, e seu aliado mais próximo, Beto Preto (PSD), patina na quarta posição.

Não é de somenos que, há um mês, durante visita ao Paraná, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou: “O Filipe Barros está certo. A outra vaga é do Ratinho.”

A ascensão de Cristina Graeml, apoiada por setores bolsonaristas, pode inclusive ameaçar a hegemonia eleitoral que o PSD de Ratinho construiu no estado. Por outro lado, a recuperação de Gleisi Hoffmann na preferência popular indica que o lulismo mantém base sólida no Paraná — algo que a extrema direita subestimou por anos.

O Senado paranaense pode ser feminino e polarizado

A disputa pelo Senado no Paraná ganha contornos inéditos. Duas mulheres de campos antagônicos lideram com folga e consolidam-se como favoritas. O eleitor ainda hesita, como mostram os altos índices de indecisos, mas o recado está dado: em 2026, o Senado pode ser delas.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral foi conduzida pela Neokemp nos dias 28 e 29 de abril de 2025, utilizando metodologia quantitativa por amostragem. Foram realizadas 1.200 entrevistas automatizadas, por meio do sistema de Unidade de Resposta Audível (URA), com homens e mulheres a partir de 16 anos, residentes em diversas regiões do Paraná.

A amostra é representativa do perfil sociodemográfico da população estadual, estimada em 11,4 milhões de habitantes segundo o IBGE (2022), com margem de erro de 2,8 pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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