Asilo a ex-primeira-dama do Peru expõe herança tóxica da Lava Jato
Brasil acolhe Nadine Heredia e vira espelho invertido da operação que destruiu democracias
O governo Lula concedeu, nesta quarta-feira (16), asilo diplomático a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, condenada por lavagem de dinheiro em um processo inspirado diretamente na operação Lava Jato.
Sim, a mesma Lava Jato que aqui no Brasil foi desmascarada como fraude judicial, parcial, promotora de perseguições e conluios ilegais, agora volta aos holofotes — desta vez, por seus efeitos colaterais em outros países latino-americanos.
Heredia e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, foram alvos de uma caçada judicial semelhante à promovida por Sergio Moro contra Lula. E o roteiro é conhecido: condenações midiáticas, delações premiadas sem provas robustas e pressão da opinião pública fabricada.
Ao ver o Brasil oferecendo abrigo à vítima de um processo semelhante ao que ele mesmo comandou, Sergio Moro correu às redes sociais para espernear. Disse que o país virou “refúgio de corruptos”.

Mas é preciso lembrar: foi Moro quem transformou Curitiba na sede do lawfare internacional. Foi ele quem prendeu Lula, burlando o devido processo legal, e depois virou ministro de Jair Bolsonaro, que se elegeu graças à fraude que impediu o petista de disputar as eleições.
Agora, o ex-juiz se escandaliza com a diplomacia brasileira por respeitar tratados internacionais e acolher uma mulher com filhos menores — algo que o próprio Alan Garcia, ex-presidente do Peru, não teve a chance de viver. Ele tirou a própria vida ao ser preso por um processo ligado à “Lava Jato” peruana.
O que disseram sobre esse asilo
? Sergio Moro (União-PR): “Brasil virou refúgio de corruptos.”
? Itamaraty (nota oficial): “Asilo concedido dentro da Convenção de Caracas, com salvo-conduto do governo peruano.”
? Walter Maierovitch, jurista: “Não há perseguição política. A decisão pode abrir precedente perigoso.”
? Blog do Esmael: O perigoso mesmo foi transformar o sistema de Justiça num instrumento de perseguição política — como fez a Lava Jato.
A história da Lava Jato não é só brasileira. Foi exportada como um “produto enlatado” para a América Latina, com apoio de setores do Judiciário, do MP e da mídia tradicional.
O resultado? Presidentes cassados, suicídios, democracias golpeadas e milhões de trabalhadores jogados no abismo do desemprego. Segundo o Dieese, a Lava Jato foi responsável pela destruição de mais de 4 milhões de postos de trabalho, ao atacar de forma deliberada as principais corporações brasileiras da indústria pesada. Empresários foram presos, sim, mas a conta recaiu sobre os ombros do povo: fábricas fechadas, obras paralisadas e o desmonte do setor de engenharia nacional, enquanto o capital estrangeiro aplaudia e ocupava os espaços deixados. A Odebrecht mudou de nome — agora é Novonor —, mas a marca da devastação social promovida pela operação ainda sangra o país.
A decisão de Lula de conceder asilo a Nadine Heredia é um gesto político e humanitário — mas também um recado ao continente: o Brasil está pronto para rever seus erros do passado e não endossar mais perseguições travestidas de Justiça.
O debate sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que atualmente permeia o Congresso, não deve ser confundido com o asilo concedido a Nadine Heredia. Enquanto o caso da ex-primeira-dama peruana envolve alegações de perseguição política e questionamentos sobre a legitimidade das provas utilizadas em sua condenação, os eventos de 8 de janeiro representam um ataque direto às instituições democráticas brasileiras. É fundamental distinguir entre situações de possível lawfare e ações que visam desestabilizar o Estado Democrático de Direito.?
O que você precisa saber
Quem é Nadine Heredia?
Ex-primeira-dama do Peru, condenada junto com o marido por lavagem de dinheiro em um processo com fortes traços de lawfare.
Por que ela foi acolhida pelo Brasil?
O Itamaraty concedeu asilo com base na Convenção de Caracas, após pedido feito diretamente na embaixada brasileira.
A Lava Jato influenciou o caso?
Sim. A operação serviu de modelo para acusações e condenações similares em vários países da América Latina, incluindo o Peru.
O que o governo peruano diz?
O governo do Peru concedeu o salvo-conduto conforme previsto na Convenção de Caracas, permitindo que Nadine Heredia e seu filho deixassem o país rumo ao Brasil. No entanto, há um histórico de desconforto diplomático em relação à ex-primeira-dama.
Ao abrigar Nadine Heredia, o Brasil corrige parcialmente um ciclo de abusos iniciado da Lava Jato. O lawfare — esse uso do Judiciário como arma política — gerou tragédias humanas e institucionais.
O Blog do Esmael seguirá vigilante contra essa herança tóxica. E pergunta:
Quantas vidas mais a Lava Jato precisa arruinar até que seus promotores reconheçam os danos que causaram?
Esmael Morais
Jornalista e advogado, especialista em bastidores do poder.
Publicação de: Blog do Esmael