Comissão Arns solidariza-se com Dom Odilo Scherer: ‘Estarrecedor ele veicular apelo de união no Twitter e ser tão agredido’

Da Redação 

Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, é da vertente conservadora da Igreja Católica.

No domingo, 16-10, às 8h15, ele postou no twitter uma reflexão sobre o momento político no Brasil,  observando que “a fé em Deus permanece depois das eleições”.

Foi o suficiente para ele começar a ser alvo de ataques de bolsonaristas na rede social.

”Olá, gente boa: eu só fiz uma pergunta: vale a pena?”, reagiu Dom Odilo num tuíte às 16h49 do mesmo dia.  “Calma, povo!”

As ponderações dele foram em vão.

Os xingamentos e acusações prosseguiram.

Foi chamado de “comunista”, apoiador de “ditadura de esquerda” e pró-aborto, provas inequívocas de desconhecimento total das posições do arcebispo.

Até a cor vermelha da roupa do cardeal foi alvo bolsonaristas na rede social.

Pacientemente, ele rebateu: “saiba que a cor dos cardeais [da Igreja Católica] é o vermelho (sangue), simbolizando o amor à Igreja e prontidão ao martírio, se preciso for”.

Na sequência, Dom Odilo diz que já escreveu muitos artigos contra o aborto, coloca um link do Portal da Arquidiocese de São Paulo (http://arquisp.org)  e desafia alguém encontrar algum texto dele a favor.

Num último tuíte sobre o tema, Dom Odilo foi explícito:”parece-me reviver os tempos da ascensão do fascismo ao poder. E sabemos as consequências…”

COMISSÃO ARNS SOLIDARIZA-SE COM DOM ODILO

Na terça-feira, 18-10, a Comissão Arns divulgou nota de solidariedade a Dom Odilo. Ela é assinada por seu presidente, o advogado José Carlos Dias.

Nota de solidariedade ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público externar a sua solidariedade ao Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, alvo de violência praticada nas redes sociais por internautas mal-intencionados.

É estarrecedor que, ao veicular mensagem no Twitter com um apelo de união, lembrando que a fé em Deus vai além da política e que as pessoas precisarão continuar a conviver após o processo eleitoral, tenha sido ele tão agredido verbalmente, em termos chulos e abusivos. Foi acusado de apoiar a “ditadura da esquerda” e rotulado de “comunista” pelo fato de usar paramentos vermelhos, que é a cor reservada aos cardeais, segundo a tradição da Igreja Católica.

Infelizmente, a intolerância religiosa cresce no país, semeando discursos de ódio e dividindo a sociedade. As cenas vistas no Santuário de Aparecida no último dia 12, com apoiadores do Presidente Bolsonaro tumultuando a festa da Padroeira e desacatando aqueles que lá estiveram para vivenciar a sua fé, são exemplos desse fenômeno social preocupante, fomentado na apologia ao autoritarismo – o que não condiz nem com a índole, nem com o desejo e nem com a espiritualidade do povo brasileiro.

A Dom Odilo, nosso respeito e apoio. Portou-se como um líder religioso à altura de uma das mais importantes arquidioceses do mundo, a de São Paulo, comandada no passado por D. Paulo Evaristo Arns, patrono desta Comissão e exemplo a nos guiar.

São Paulo, 18 de outubro de 2022.

JOSÉ CARLOS DIAS
Presidente da Comissão Arns

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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