Ministro da Defesa vira oficialmente vice na chapa de Bolsonaro

Foto: Evaristo Sá/AFP

O presidente Jair Bolsonaro deflagra nesta quinta-feira, 31, uma reforma ministerial liberando dez dos 23 ministros para disputar as eleições deste ano, numa mudança com impacto direto na cúpula militar do País. Com a saída do general Braga Netto do Ministério da Defesa, cotado para ser o vice de Bolsonaro, o atual comandante do Exército, general Paulo Sérgio, será alçado à Esplanada.

A troca de comando pode levar a situação inédita: a promoção direta de um militar da chefia da Defesa, pasta que abriga as Forças Armadas, à chapa presidencial. O companheiro de Bolsonaro na disputa de 2018, o vice-presidente e general Hamilton Mourão, estava na reserva e presidia o Clube Militar.

O atual responsável pelo Comando de Operações Terrestres, Marco Antônio Freire Gomes, vai substituir Paulo Sérgio. A mudança no Exército será formalizada em cerimônia no final da tarde, no dia em que o golpe militar de 1964 completa 58 anos. Os outros comandantes das Forças Armadas, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) e almirante Almir Garnier Santos (Marinha) devem permanecer nas cadeiras.

Para Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, especialista em Segurança Nacional, a escolha do comandante do Exército para ministro da Defesa tem pano de fundo eleitoral. “O que Bolsonaro tenta fazer é se aproximar do alto comando do Exército porque a eleição está se aproximando. A ascensão do comandante do Exército é parte desse processo. Mas não significa que o alto comando está fechado com ele”, disse Rudzit.

Confirmado nesta quarta-feira pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, o novo desenho para o Exército e o Ministério da Defesa foi selado em reunião no Palácio do Planalto na última segunda-feira com os chefes das Forças Armadas, Braga Netto e Bolsonaro.

De saída do primeiro escalão do governo, Braga Netto quer ficar legalmente apto para ser o vice de Bolsonaro nas eleições deste ano. Pela lei eleitoral, quem quiser disputar as eleições precisa se desincompatibilizar de cargos públicos, salvo em caso de reeleição, até seis meses antes do primeiro turno – neste caso, em 2 de abril.

O novo comandante do Exército já havia sido cotado para assumir o posto ainda no ano passado, no lugar de Paulo Sérgio, mas foi preterido. Freire Gomes é considerado um legalista por ter se colocado ao lado do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e enviado as tropas para as ruas do Estado quando houve um motim de policiais em 2020. À época, o general era comandante no Nordeste.

Também deixarão o governo para disputar as eleições os ministros Tarcísio de Freitas, João Roma, Onyx Lorenzoni, Flávia Arruda, Tereza Cristina, Rogério Marinho, Gilson Machado, Marcos Pontes e Damares Alves.

Estadão  

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