Julgamento de Jorge Guaranho marca luta contra violência política no Brasil, diz acusação
Quase dois anos após o assassinato que chocou o país, o ex-policial penal Jorge José da Rocha Guaranho enfrentará o júri popular pelo homicídio de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR). O julgamento, marcado para terça-feira, dia 11 de fevereiro de 2025, no Tribunal do Júri de Curitiba, ocorre sob a expectativa de condenação à pena máxima de 30 anos de prisão.
O crime, ocorrido em julho de 2022, expôs as feridas da polarização política no Brasil. Arruda celebrava seu aniversário com uma festa temática do PT quando foi alvejado por Guaranho, militante bolsonarista que invadiu o local aos gritos de “petista vai morrer tudo”. A frase, captada por câmeras de segurança, tornou-se prova central da motivação política do crime.
Um caso que simboliza a violência política no Brasil
Marcelo Arruda se tornou um símbolo da luta contra a intolerância política. Sua morte repercutiu nacional e internacionalmente, levando o Paraná e o Distrito Federal a instituírem o 9 de julho como o Dia de Luta contra a Violência Política.
A transferência do júri para Curitiba e os sucessivos adiamentos aumentaram a angústia da família. Pamela Silva, viúva de Arruda, lamenta: “Ele está em casa, e nós carregamos essa dor eterna.”
O júri será presidido pela juíza Mychelle Stadler, da 1ª Vara do Tribunal do Júri. A acusacão, liderada pelas promotoras Roberta Massa e Ticiane Pereira, argumenta que o crime foi premeditado, com agravantes de motivo fútil e risco comum, pois Guaranho disparou múltiplos tiros em um local fechado, colocando os convidados em perigo.
Defesa alega “legítima defesa”, mas provas indicam premeditação
A defesa de Guaranho sustenta que houve legítima defesa, mas os relatos de testemunhas contradizem essa tese. Seguranças e convidados da festa afirmam que o ex-policial penal saiu do local ameaçando voltar para “matar todos”, o que reforça a premeditação do crime –segundo a acusação.
O advogado Daniel Godoy Jr., que representa a família de Arruda, afirma que esse caso é um marco: “Precisamos mostrar que ódio político não pode destruir famílias”.
Segurança reforçada e manifestações previstas
O julgamento acontece sob forte esquema de segurança. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) estabeleceu regras rigorosas para a cobertura da imprensa:
- Apenas 15 jornalistas terão acesso ao plenário, em sistema de rodízio.
- Fotógrafos e cinegrafistas só poderão registrar imagens nos 10 minutos iniciais de cada dia e na leitura da sentença.
- É proibido filmar ou divulgar imagens dos jurados.
- Não serão permitidas entrevistas dentro do prédio.
Movimentos sociais organizam vigílias e manifestações em frente ao tribunal, exigindo justiça e punição exemplar para Guaranho. O Ministério Público defende que o caso seja um precedente para a criminalização da violência política no Brasil.
Linha do tempo do caso Marcelo Arruda
? 2022: Assassinato de Arruda durante sua festa de aniversário.
? 2023: Guaranho é exonerado do cargo e preso, mas obtém prisão domiciliar.
? 2024: Três tentativas frustradas de julgamento, incluindo pedidos de desaforamento.
? 2025: Guaranho vai a julgamento.
O que está em jogo não é apenas a condenação do ex-policial, mas o recado que a Justiça dará ao país sobre crimes motivados por intolerância política.
Acompanhe a cobertura completa do júri de Jorge Guaranho ao vivo no Blog do Esmael, a partir das 10h do dia 11 de fevereiro (terça-feira).
Publicação de: Blog do Esmael