Google pode ser dividido após derrotas históricas na Justiça dos EUA

Depois de duas derrotas arrasadoras em tribunais federais, o Google, colosso da internet avaliado em US$ 1,86 trilhão, está em maus lençóis. Pela primeira vez desde o caso Microsoft em 2001, o fantasma da divisão de uma Big Tech paira com força. O império construído em torno de buscas e publicidade online poderá, enfim, ser fragmentado.

Autismo ALEP

Justiça dos EUA diz que o Google é um monopólio ilegal

Na última semana, duas decisões judiciais colocaram o Google contra a parede:


  • A juíza Leonie Brinkema, da Virgínia, concluiu que a gigante mantém um monopólio ilegal no setor de tecnologia de anúncios online;
  • Já o juiz Amit Mehta, em Washington, iniciou a fase de remédios antitruste para o domínio da empresa nas buscas online, após condenação anterior.

Ou seja, a Justiça dos EUA reconhece que o Google não apenas domina dois mercados-chave da internet — buscas e anúncios — como usou práticas excludentes e abusivas para manter rivais fora do jogo.

Os bastidores das práticas abusivas

Segundo a decisão da juíza Brinkema, o Google amarrava ferramentas indispensáveis para editores de sites e aplicativos — como o DoubleClick for Publishers (DFP) — ao uso obrigatório da sua plataforma de leilões publicitários, o AdX.

Resultado?

  • Rivais foram expulsos do mercado;
  • Editores pagaram mais caro;
  • E a própria web ficou mais desigual — com menos competição e menos inovação.

“O vínculo entre essas plataformas aumentou o domínio do Google, sufocou concorrentes e prejudicou consumidores”, sentenciou a magistrada.

Buscas em foco: a guerra pelos dados dos usuários

No caso das buscas, o cerne da disputa está nos dados gerados por cliques e pesquisas. O DOJ (Departamento de Justiça dos EUA) quer que o Google seja obrigado a compartilhar essas informações com concorrentes como DuckDuckGo e Kagi, para que possam construir buscadores mais competitivos.

Um detalhe explosivo: o Google teria pago até US$ 20 bilhões por ano à Apple para manter seu buscador como padrão nos iPhones e Macs — o que pode configurar acordo anticompetitivo.

“O que o governo pede é como permitir que rivais usem a nossa tecnologia, como se fosse copiar e colar os resultados do Google”, esbravejou John Schmidtlein, advogado da empresa, no tribunal.

Mas o argumento não convenceu o juiz Mehta, que sinalizou que a solução pode incluir o fim dos contratos de exclusividade e a distribuição forçada dos dados de busca.

Google pode perder Chrome, AdX… e até Android?

As consequências dos dois processos antitruste podem ser profundas:

  • Chrome, o navegador mais usado do mundo, pode ser vendido ou isolado da empresa;
  • A estrutura de publicidade online, motor de lucro do Google, corre risco de ser desmontada;
  • Até mesmo o sistema Android, usado por bilhões de dispositivos, entrou na mira das autoridades.

O Google já anunciou que vai recorrer, como era de se esperar, mas o cerco jurídico vem se fechando. Analistas apontam que o DOJ poderá obter vitórias parciais, o suficiente para reorganizar o mercado e encorajar novas tecnologias, como buscadores movidos a inteligência artificial.

O que pode mudar para os usuários?

Google vai sumir?

Não. O Google não desaparecerá — mas poderá perder poder de controle sobre o que os usuários veem e como a internet funciona.

Concorrência vai aumentar?

Se os remédios forem efetivos, sim. Buscadores menores e sistemas publicitários alternativos terão mais acesso aos dados, nivelando o jogo.

Os preços de anúncios vão cair?

Possivelmente. Menos concentração significa menor poder de barganha do Google, o que pode beneficiar pequenos e médios editores.

A Apple vai trocar o buscador?

Não há garantias. Mas, sem o cheque bilionário anual do Google, a maçã pode reconsiderar seus contratos — ou até investir no seu próprio motor de busca.

O fim da era do monopólio invisível?

A era dos monopólios invisíveis da internet parece estar com os dias contados. O Google, que por anos operou como guardião absoluto das buscas e dos anúncios, agora se vê obrigado a prestar contas — e talvez se reinventar ou se dividir para sobreviver.

A história está sendo escrita nos tribunais, mas será nos bastidores políticos e nos dispositivos dos usuários que o verdadeiro impacto será sentido.

O Blog do Esmael seguirá acompanhando, com lupa, os próximos capítulos dessa disputa que pode redesenhar a arquitetura da internet como a conhecemos.

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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