Artur Scavone: A tempestade perfeita

A tempestade perfeita
Curto e grosso: o navio daquele de quem não se pode dizer o nome enfrenta uma enorme tempestade.
Desemprego em alta, inflação em alta, preços do gás, gasolina e outros na estratosfera, o desespero do salário que não compra mais o sustento da família.
Uma crise às portas da eleição, com seu principal adversário em alta nas pesquisas. Mas apareceu agora, às vésperas da eleição, a tempestade perfeita, com direito a uma casca de banana.
– “Condenaram o deputado? Por quê? Que que ele fez?
– “Ele xingou o STF, o tal do Alexandre de Moraes. Ganhou 8 anos de cana.”
– “Caramba…”
O foco da mídia agora não é mais a crise e a fome, mas a “briga” entre aquele de quem não se pode dizer o nome e o STF.
Não há dúvidas que a questão de fundo envolve uma perspectiva fascista de desmonte da democracia, mas a luta política precisa ser compreendida no que diz respeito às questões táticas.
É necessário cuidar para que essa temática seja compreendida porque, não tenhamos dúvidas, a equipe de analistas que dão suporte àquele de quem não se pode dizer o nome já constatou que essa é a fogueira à qual se deve jogar gasolina para unir a tropa em torno de uma “decisão mais que justa” do indulto.
O debate que se seguirá será se há ou não direito à liberdade de expressão. E não a desgraça que assola a nação.
Penso que não é um bom caminho o desafio de explicar que não se trata de liberdade de expressão, mas de destruição da democracia.
Não nos termos em que àquele de quem não se pode dizer o nome está colocando a disputa. A vantagem será dele.
*Artur Scavone é jornalista.
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Publicação de: Viomundo