STF julga núcleo operacional da tentativa de golpe
Julgamento do ‘núcleo 2’ reacende alerta sobre a gravidade do 8 de janeiro
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (22) a análise da segunda leva de denunciados pela tentativa de golpe de Estado em 2022. Trata-se do chamado “núcleo 2”, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsável pelo gerenciamento logístico da trama golpista.
Seis nomes estão na berlinda: delegados, militares e ex-assessores de Bolsonaro. Todos com trajetórias entrelaçadas com o bolsonarismo raiz. A sessão começou com a leitura do relator, ministro Alexandre de Moraes, e segue com sustentações orais e os votos dos demais ministros: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Turma.
Os operadores do golpe: quem são os acusados
A PGR denuncia:
- Fernando de Sousa Oliveira – delegado da PF e ex-número dois da SSP-DF;
- Marcelo Costa Câmara – coronel da reserva e ex-assessor direto de Bolsonaro;
- Filipe G. M. Pereira – ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência;
- Marília F. de Alencar – ex-diretora de Inteligência do MJ de Anderson Torres;
- Mário Fernandes – general da reserva, ex-braço-direito na Secretaria-Geral;
- Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da PRF, famoso por operações no segundo turno.
A engrenagem que tentava paralisar a democracia
Segundo a PGR, esse grupo cuidou de articulações estratégicas, logística repressiva e desinformação digital. Foram as mãos que operaram a engrenagem por trás das cortinas, muito além das falas histriônicas.
Gonet reforça papel central dos acusados
O procurador-geral Paulo Gonet foi direto: a participação dos seis é “individualizada, documentada e relevante”. Destacou o uso da PRF para barrar eleitores no Nordeste e a tentativa de controlar fluxos de informação.
Um novo julgamento Nuremberg tropical?
Assim como em outros momentos históricos, este julgamento não trata apenas de quem apertou botões ou deu ordens – mas de quem construiu as bases para um colapso institucional. O que está em pauta é a responsabilização de quem planejou e facilitou a ruptura.
E se o STF aceitar a denúncia?
Caso a Primeira Turma aceite a peça da PGR, o grupo passa de investigado para réu em ação penal. Aí se abre nova fase: instrução processual com coleta de provas, depoimentos, e ao final, julgamento de mérito.
Se condenados, podem pegar penas pesadas por crimes como abolição do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e organização criminosa.
Sobre o jugalmetno do “núcleo 2” do golpe
Quem são os seis denunciados do “núcleo 2”?
Delegados, militares e ex-assessores do governo Bolsonaro. Todos com atuação-chave na logística da tentativa de golpe.
O que o STF decide agora?
Se aceita ou rejeita a denúncia. Se aceitar, os seis viram réus e o processo avanza para fase de provas e depoimentos.
O julgamento tem data para terminar?
Zanin reservou três sessões: duas nesta terça (manhã e tarde) e uma na quarta (manhã). Pode haver prorrogação, se necessário.
E Bolsonaro, onde entra?
Ele é alvo de outro processo, junto com o “núcleo 1”. Mas a conexão é clara, segundo a PGR: todos atuavam na mesma engrenagem golpista.
Bolsonaro reage ao julgamento do ‘núcleo 2’ com discurso inflamado
Com o Supremo Tribunal Federal julgando o “núcleo 2” dos acusados de tentativa de golpe, Jair Bolsonaro voltou a se manifestar publicamente com veemência. Em post fixado nas redes sociais, o ex-presidente afirmou que o caso de Filipe Martins, seu ex-assessor para assuntos internacionais, é “um dos maiores escândalos da história do Judiciário brasileiro”.
Na mesma mensagem, Bolsonaro atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes e defendeu os demais integrantes do grupo denunciado pela PGR, como o coronel Marcelo Câmara. Para ele, “nenhum deles deveria estar sendo julgado diretamente pelo STF”, uma vez que não possuem foro privilegiado.
A narrativa de perseguição ganha novo capítulo
No post publicado às 9h02 desta terça-feira, Bolsonaro sugeriu que há uma estratégia deliberada para atingir sua imagem, utilizando o processo judicial como instrumento. “Um verdadeiro laboratório de abusos”, escreveu.
O ex-presidente afirmou que Filipe Martins está preso por uma viagem que nunca fez, sob isolamento, censura e vigilância. Segundo ele, o ex-assessor seria alvo de acusações infundadas, como a de ter redigido uma minuta golpista inexistente.
STF x Bolsonaro: um embate que se acirra
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro tenta deslegitimar as ações do STF. No entanto, a declaração ocorre num momento sensível: enquanto o Supremo decide se abre ação penal contra o grupo operacional da tentativa de golpe, o ex-presidente volta ao centro da cena política como defensor dos acusados.
O recado para o exterior
Bolsonaro também fez questão de lembrar que “o mundo está observando” e citou a revista The Economist, que publicou uma matéria sobre os desdobramentos da tentativa de golpe e a ação da Justiça brasileira. É mais uma peça de seu discurso de vitimização política, mirando audiências internacionais.
STF reage, mas o jogo está longe do fim
Com o julgamento do “núcleo 2”, o STF mostra que o Estado de Direito ainda respira. Mas o ar segue rarefeito. O bolsonarismo insiste em reescrever os fatos e posar de perseguido. Nessa disputa entre narrativa e justiça, o Brasil segue no banco dos réus da história.
E você, acha que os operacionais do golpe devem pagar como os mandantes? Comente e compartilhe.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael