Presidente do BC diz que discussão sobre taxa de juros é “legítima” e pede mais diálogo com sociedade

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, admitiu nesta terça-feira (1º) que o debate sobre os juros altos no Brasil é “legítimo e bem-vindo”. Em discurso no plenário da Câmara, durante cerimônia pelos 60 anos do BC, ele reforçou que a instituição precisa explicar melhor suas decisões à sociedade.

A declaração surge em um momento de tensão: a Selic está em 14,25% ao ano, patamar que remete ao governo Dilma Rousseff e coloca o Brasil no topo do ranking mundial de juros reais. Enquanto o BC justifica a medida como necessária para conter a inflação, o governo Lula, empresários e até parte do mercado questionam se o remédio não é pior que a doença.

Desde que assumiu o BC em janeiro deste ano, Galípolo herdou uma política monetária já em trajetória de alta. Apesar de ser um nome alinhado ao governo Lula, ele manteve o curso do antecessor Roberto Campos Neto, elevando a Selic em dois ajustes consecutivos neste ano.

Os juros altos têm um objetivo claro, segundo Galípolo: frear o consumo e esfriar a economia para domar a inflação, que ainda pressiona o bolso dos brasileiros. O problema é que, enquanto nos EUA e Europa as taxas começam a cair, o Brasil segue na contramão – e os efeitos colaterais são visíveis:

  • Crescimento econômico mais lento
  • Custo do crédito nas alturas
  • Pressão sobre empregos e renda

Galípolo tentou equilibrar o discurso:

“O questionamento que sofremos é porque, mesmo com juros altos, a economia brasileira apresenta um dinamismo excepcional.”

O presidente do BC ainda sugeriu que a transmissão da política monetária no Brasil é diferente – ou seja, os juros demoram mais para surtir efeito, exigindo doses mais fortes.

Porto de Paranaguá

Enquanto isso, o Planalto mantém um silêncio estratégico. Após meses de críticas duras a Campos Neto, Lula e aliados evitam atacar Galípolo, mas a insatisfação é clara. Um ministro chegou a dizer, sob anonimato: “O BC está matando o crescimento para salvar a inflação.”

A última vez que o Brasil teve juros nesse patamar foi em 2016, no auge da crise que culminou no impeachment de Dilma. A diferença é que, hoje, o desemprego está em níveis baixos (7,8%) e a renda do trabalhador voltou a crescer.

Mas há um risco: se o BC errar a mão, pode sufocar a recuperação econômica sem resolver o problema inflacionário.

O cenário mais provável é que o BC mantenha os juros altos até o segundo semestre, esperando sinais mais claros de queda na inflação. Mas há variáveis em jogo:

? Pressão política: Se a economia desacelerar, Lula pode endurecer o tom.
? Cenário externo: Uma eventual recessão nos EUA forçaria o Fed a cortar juros, abrindo espaço para o BC seguir o mesmo caminho.
? Dólar e commodities: Se a moeda americana recuar e os preços das commodities se estabilizarem, o BC ganha margem para afrouxar a política monetária.

? O que você precisa saber

Por que o Brasil tem os juros mais altos do mundo?
O BC alega que a inflação ainda está acima da meta (3%) e que a economia está “aquecida”. Críticos argumentam que a estrutura tributária e o custo Brasil exigem reformas, não apenas juros altos.

Quando os juros vão cair?
O mercado projeta os primeiros cortes só em 2026, mas tudo depende da inflação. Se os preços recuarem, o BC pode agir antes.

Galípolo acertou ao defender transparência, mas o BC ainda joga um jogo perigoso. Juros altos por tempo demais podem estrangular o crescimento sem resolver a inflação – especialmente se os problemas forem estruturais, como logística e produtividade.

A política dos juros altos atende somente aos interesses de banqueiros e especuladores, enquanto sangra o orçamento público com cortes em áreas essenciais como segurança, saúde, educação e assistência social.

Enquanto isso, o governo Lula assiste de camarote, evitando um conflito aberto, mas respirando aliviado por ter um nome de confiança no comando do BC.

E você? Acha que o BC está exagerando nos juros? Comente e compartilhe sua opinião!

Fantasma de Campos Neto ainda assombra atual diretoria do Banco Central, dizem sindicalistas. Foto: Blog do Esmael
Fantasma de Campos Neto ainda assombra atual diretoria do Banco Central, dizem sindicalistas. Foto: Blog do Esmael

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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