Morre Chacon, o ‘Roberto Carlos das Araucárias’, aos 84

Lenda da Boca Maldita e ícone da cultura curitibana nos deixa nesta terça (15)

Curitiba ficou mais silenciosa nesta terça-feira (15). Luiz Carlos Chacon de Oliveira, o popularíssimo “Roberto Carlos das Araucárias”, faleceu aos 84 anos, deixando uma lacuna irreparável na alma da cidade.

Figura emblemática da Boca Maldita, calçadão onde se discute política, futebol e poesia, Chacon não era só um cover — era o próprio espírito do Rei reencarnado sob o céu nublado da capital paranaense.

Vestido de branco, com cabelos impecáveis e gestos calculadamente românticos, ele não só imitava Roberto Carlos: ele personificava o amor, o saudosismo e a ternura em forma de música.

“Roberto Carlos das Araucárias”: título que virou afeto coletivo

Natural de Mallet, no interior do Paraná, Chacon chegou a Curitiba ainda jovem, mas foi ao longo das décadas de 70 e 80 que ganhou notoriedade — primeiro como jornalista e radialista, depois como o artista de rua mais querido da cidade.

Seus passos diários rumo à Boca Maldita eram quase um ritual. Dali, no coração do Centro curitibano, ele declamava canções, trocava ideias com taxistas, aposentados e autoridades, e tornava o espaço público uma verdadeira sala de estar da cultura popular.

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Chacon e Roberto Carlos. Foto: reprodução/redes sociais

Dos estúdios à calçada: uma trajetória multifacetada

Chacon era mais do que um showman: trabalhou como servidor público no Ministério do Trabalho, foi apresentador de rádio, ator eventual de teatro e presença marcante em programas de auditório. Seu apartamento no 29º andar do Edifício Tijucas era um ponto de encontro de amigos e fãs.

Para ele, cada esquina era um palco. E cada pedestre, um espectador.

A despedida de uma voz que ecoava memórias

A morte de Chacon mobilizou amigos, jornalistas e admiradores nas redes sociais. Muitos lembraram sua última apresentação no coreto da Praça Osório, onde emocionou um grupo de estudantes ao cantar “Detalhes”.

Ele se despediu como viveu: com aplausos, sorrisos e uma aura de gentileza que se tornou cada vez mais rara nas grandes cidades.

O que disseram amigos e admiradores

“Era o nosso Rei das Ruas”, disse um frequentador da Boca Maldita, com os olhos marejados.
“Chacon fazia parte do patrimônio imaterial da cidade”, comentou uma ex-colega do tempo de rádio.
“Vai com Deus, eterno Roberto Carlos das Araucárias”, escreveram perfis curitibanos nas redes sociais.

Memórias de um tempo analógico

Chacon simbolizava uma era em que ser artista não era sobre seguidores, mas sobre presença. Ele fazia parte de uma geração em que se podia ser lenda apenas com voz, carisma e uma calçada.

Seu legado remete a outros artistas populares do país, como os irreverentes do Largo da Carioca ou os trovadores da Praça da Sé. Um Brasil que pulsa nas esquinas e morre um pouco a cada adeus como esse.

E agora, Curitiba?

Com sua partida, a Boca Maldita perde mais que um frequentador ilustre: perde um símbolo de humanidade, generosidade e cultura. Mas como toda lenda, Chacon seguirá vivo na memória de quem o ouviu cantar — e acreditou, mesmo por instantes, que estava diante do verdadeiro Roberto Carlos.

Recentemente, quando completava 332 anos, Curitiba também se despediu de foi outro super-herói: “Oi Man”, personagem do professor aposentado Nelson Rebello.

Sobre o sósia de Roberto Carlos em Curitiba

Quem foi Chacon, o “Roberto Carlos das Araucárias”?

Luiz Carlos Chacon foi um artista paranaense, conhecido por imitar Roberto Carlos nas ruas de Curitiba. Também atuou como radialista, jornalista e servidor público.

Qual era a ligação de Chacon com a Boca Maldita?

Ele era uma figura constante no local, onde se apresentava, interagia com o público e virou ícone da cultura popular curitibana.

Onde ele morava?

Chacon morava no 29º andar do Edifício Tijucas, no Centro de Curitiba.

Ele chegou a atuar profissionalmente com arte?

Sim. Além das apresentações informais, participou de programas de TV, peças teatrais e teve passagens por rádios locais.

Por Esmael Morais

Jornalista, advogado e editor do Blog do Esmael. Acompanha os bastidores do poder, a política nacional e as histórias que importam para o povo.

Publicação de: Blog do Esmael

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Colaborador Convidado

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