Israel intercepta navio humanitário com Greta Thunberg rumo a Gaza
O silêncio que ecoa em águas internacionais denuncia mais do que interferência: revela um impasse global.
A comunicação com o navio Madleen, da Freedom Flotilla Coalition, foi perdida nesta madrugada após a aproximação de forças israelenses no Mediterrâneo. O barco transportava ativistas e ajuda humanitária com destino a Gaza, entre eles a ativista sueca Greta Thunberg. Segundo relatos da Al Jazeera, que mantinha um correspondente a bordo, a interrupção ocorreu após ordens diretas dos comandos israelenses para que todos desligassem seus dispositivos eletrônicos.
O perfil da Foltilha nas redes sociais traz uma grave denúncia, na noite deste domingo (8): “Os voluntários do “Madleen” foram sequestrados pelas forças israelenses.” [Abaixo, assista ao vídeo.]
Ataque no mar: drones, substância branca e bloqueio de sinal
A situação agravou-se quando drones israelenses começaram a cercar a embarcação, lançando uma substância branca irritante. O registro foi feito por parlamentares europeus a bordo, como Rima Hassan, que publicou imagens em suas redes sociais. Francesca Albanese, relatora especial da ONU, também confirmou que estava em contato com o capitão do navio quando ouviu vozes de soldados e, em seguida, a ligação caiu.
Fontes ligadas à Freedom Flotilla relataram que o ataque aconteceu em águas internacionais, o que levanta sérias questões jurídicas. A interceptação, se confirmada fora da zona de exclusão marítima de Israel, pode configurar violação de tratados internacionais, segundo especialistas em direito marítimo consultados por agências de imprensa.
Marinha de Israel promete “todas as medidas necessárias”
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, havia alertado previamente que o país “tomaria todas as medidas necessárias” para impedir qualquer embarcação de alcançar a Faixa de Gaza — território sob bloqueio israelense desde 2007. As Forças de Defesa de Israel (IDF) ainda não divulgaram nota oficial sobre a operação.
A operação contra o Madleen revive as memórias da violenta abordagem israelense à Flotilha Mavi Marmara, em 2010, quando nove ativistas turcos foram mortos. À época, a ação gerou condenações internacionais e deteriorou relações diplomáticas.
Greta Thunberg: ativismo climático e agora humanitário
Greta Thunberg, símbolo global na luta contra as mudanças climáticas, vinha ampliando seu ativismo para causas humanitárias e de direitos humanos. Em maio, ela anunciou que participaria da missão a Gaza para denunciar o cerco e a crise humanitária enfrentada por civis palestinos. A presença da jovem ativista dá uma nova dimensão simbólica à interceptação, aumentando o custo político da operação israelense.
A reação internacional: silêncio ou condenação?
Até o momento, não houve manifestações formais da União Europeia nem da ONU sobre o desaparecimento de sinal do Madleen. Contudo, parlamentares da França, Irlanda e Noruega já iniciaram articulações para cobrar respostas imediatas de Tel Aviv.
Enquanto isso, familiares dos ativistas seguem sem notícias. As redes sociais da Freedom Flotilla Coalition permanecem ativas, com atualizações esporádicas e pedidos de ajuda para restabelecer contato com a embarcação.
Um navio bloqueado, um dilema desnudado
O sumiço do Madleen em alto-mar coloca Israel, mais uma vez, sob os holofotes da diplomacia internacional — agora com a figura de Greta Thunberg no centro da crise. A interceptação expõe as contradições de um bloqueio contestado por organismos humanitários e o endurecimento de um governo que, diante da pressão global, pode estar cruzando mais do que fronteiras marítimas: pode estar desafiando os limites do direito internacional.
O Blog do Esmael seguirá acompanhando o caso em tempo real. Compartilhe, comente e nos ajude a romper o silêncio que cerca o Madleen.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael