Eleições 2026 serão as piores da história
A manipulação algorítmica ameaça a democracia
A inteligência artificial não apenas transforma a comunicação — ela redesenha as estruturas de poder. A disrupção já alcança o núcleo da política institucional e ameaça o futuro das eleições democráticas. E os sinais estão no ar.
No Brasil e no mundo, os editores de notícias enfrentam uma nova tempestade: o “fenômeno do clique zero”. Plataformas alimentadas por IA sequestram o tráfego antes que ele chegue aos sites jornalísticos. É a desintermediação definitiva. Para sobreviver, os publishers precisam reafirmar sua autoridade — e dançar conforme a música tocada pelos algoritmos, ainda que esta seja desafinada e sem regência pública.
Enquanto isso, o eleitor comum mergulha num cenário de brainrot — expressão informal que designa o colapso cognitivo causado pela enxurrada de estímulos e a hiperexposição às redes sociais. O excesso de informação não forma opinião. Entorpece.
Algo ainda mais grave do que a disfunção narcotizante identificada por Paul Lazarsfeld e Robert Merton nos anos 1940, quando alertavam para o efeito paralisante da superinformação nos meios de massa. Hoje, o entorpecimento é digital, algorítmico — e silenciosamente corrosivo.
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De influenciadores a algoritmos: a nova mutação da política
Se em 2018, 2022 e 2024 as eleições foram dominadas por influencers digitais e campanhas virais, o que virá em 2026 poderá ser ainda mais tóxico. A política tradicional já foi desbancada pelos likes. Agora, nem mesmo os likes importam: é a lógica dos algoritmos — invisível, arbitrária e imune à fiscalização — que passa a forjar a nova geração de políticos.
Os riscos são múltiplos. Os algoritmos burlam a livre concorrência, pilar básico do capitalismo. E pior: sabotam a pluralidade de ideias, promovendo uma narrativa única que sufoca a democracia. A ditadura do algoritmo é silenciosa — e, por isso, ainda mais perigosa.
STF, censura prévia e o problema real que ninguém quer encarar
A recente decisão do STF que declarou a inconstitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet enfrenta um sintoma, não a doença. Ela terceiriza à moderação privada uma função pública: a do equilíbrio entre liberdade de expressão e responsabilidade informacional.
Na prática, o efeito colateral é imediato: plataformas, temendo sanções, poderão despriorizar ou até ocultar conteúdos de sites independentes, como o Blog do Esmael. O deserto de notícias se aproxima. Os “sem-mídia” serão legião nos 5.570 municípios brasileiros. E a desigualdade informacional tende a crescer.
Big Techs e eleições: o algoritmo como cabo eleitoral oculto
Estamos diante de um paradoxo. As mesmas empresas que vendem soluções de marketing orientadas por dados decidem, sozinhas, o que o eleitor verá nas campanhas. Sem regulação, sem transparência, sem controle público.
É por isso que, desde os primeiros sinais dessa distorção, o Blog do Esmael propõe um Novo Marco Civil dos Algoritmos. A lógica dos algoritmos deve ser tratada como problema consumerista e concorrencial, e não apenas penal. Não se trata de punir opiniões — mas de garantir que todas elas possam existir.
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Sem regulação, 2026 será um vale-tudo digital
O Brasil precisa debater, com urgência, uma nova legislação para os algoritmos. Precisamos de regras que assegurem diversidade informacional, acesso equitativo e transparência nas recomendações.
Se nada for feito, 2026 será a pior eleição da história — e a profecia de Ulysses Guimarães vai se concretizar:
“Se você acha que este Congresso é ruim, espere o próximo.”
Esta máxima do Doutor Ulysses também é verdadeira para os cargos majoritários.
Compartilhe este alerta. A democracia precisa de vigilância.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael