A dor que divide o Brasil: o júri de Marcelo Arruda será dia 11 de fevereiro
Caso que simboliza violência política no Brasil chega ao tribunal após adiamentos e tensão
Quase dois anos após o assassinato que chocou o país, o ex-policial penal Jorge Guaranho enfrentará o júri popular pelo homicídio de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR). O julgamento, marcado para 11 de fevereiro no Tribunal do Júri de Curitiba, ocorre sob expectativa de condenação à pena máxima: 30 anos de prisão.
O crime, em julho de 2022, expôs feridas da polarização eleitoral. Arruda, aos 50 anos, celebrava o aniversário em uma festa temática ao PT quando foi alvejado por Guaranho, militante bolsonarista que invadiu o local gritando ofensas políticas. As câmeras de segurança capturaram a frase “petista vai morrer tudo”, usada como prova central da motivação política.
Marcelo Arruda tornou-se nome central no debate sobre intolerância. A data de sua morte, 9 de julho, é oficialmente reconhecida no Paraná e no DF como Dia de Luta contra a Violência Política. Para além da tragédia familiar – ele deixou quatro filhos e a viúva Pamela Silva –, o caso ganhou dimensão internacional.
A transferência do júri para Curitiba, após pedido da defesa, e os sucessivos adiamentos ampliaram a angústia dos familiares. “Ele está em casa, e nós carregamos essa dor eterna”, desabafa Pamela.
O júri será presidido pela juíza Mychelle Stadler, da 1ª Vara do Tribunal do Júri. A acusação, liderada pelas promotoras Roberta Massa e Ticiane Pereira, argumenta que o crime foi premeditado, com agravantes de motivo fútil e risco comum – Guaranho disparou múltiplos tiros em local fechado, colocando convidados em perigo.

A defesa, que já abandonou o plenário em protesto em 2023, alega legítima defesa. O réu, porém, invadiu a festa após ameaçar voltar para “matar todos”, segundo testemunhas.
Para o advogado Daniel Godoy Jr., da equipe de acusação, o caso é um marco: “Precisamos mostrar que ódio político não pode destruir famílias”. O Ministério Público sustenta que o crime foi movido por “preferências político-partidárias antagônicas”, reforçadas pelo clima eleitoral de 2022.
A expectativa é que o reconhecimento da motivação política sirva de precedente para casos similares. Enquanto isso, manifestantes planejam vigílias durante o julgamento, exigindo justiça e paz. Aliás, não há paz sem justiça.
O caminho até o júri
- 2022: Crime ocorre durante festa de aniversário de Arruda.
- 2023: Guaranho é exonerado do cargo e preso, mas obtém prisão domiciliar.
- 2024: Três tentativas frustradas de julgamento, incluindo pedidos de desaforamento.
O que está em jogo não é apenas a pena de Guaranho, mas o recado à sociedade: violência política não será tolerada. Enquanto o Brasil segue dividido, o júri de Arruda pode se tornar um divisor de águas na busca por reconciliação.
Acompanhe ao vivo no Blog do Esmael, a partir das 10h do dia 11/02.

Publicação de: Blog do Esmael