Indicado pelo PT-PE e defensor da Transnordestina até Suape, Danilo Cabral é demitido da Sudene
Nesta terça-feira (5), o Governo Federal demitiu o pernambucano Danilo Cabral, que estava havia dois anos à frente da Superintendência do Desenvolvimento Econômico do Nordeste (Sudene). Natural de Surubim (PE), no Agreste do estado, Cabral insistiu na construção de um ramal da ferrovia Transnordestina até o porto de Suape, no litoral sul de Pernambuco, fato que incomodou lideranças políticas e empresariais do Ceará, que defendem que a ferrovia siga apenas até o porto de Pecém (CE), na região metropolitana de Fortaleza.
Indicado ao cargo pelo senador Humberto Costa (PT), Danilo Cabral (PSB) divulgou nota em suas redes sociais. “Foi uma honra servir ao Brasil, em especial ao povo nordestino. (…) Deixo o cargo com a convicção de dever cumprido. (…) Continuarei atuando em favor do desenvolvimento do Nordeste, especialmente de Pernambuco, com o olhar firme na superação das desigualdades e na melhoria da qualidade de vida do nosso povo”, escreveu o agora ex-superintendente da autarquia federal, que agradeceu ao presidente Lula; ao ministro da Integração, Waldez Góes; e à “valorosa equipe da Sudene”.
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A Ferrovia Transnordestina, elaborada ainda no 2º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010), parte do município de Eliseu Martins (no Piauí), corta o Sertão pernambucano até chegar a Salgueiro, de onde sobe pelo sertão cearense e segue até o porto de Pecém (CE). Os empresários e políticos cearenses querem fortalecer o local como polo de escoamento de produtos do interior do Nordeste. Mas, em Pernambuco, a reivindicação é para que, além do ramal para a costa do Ceará, a ferrovia tenha também um ramal que corte o estado pernambucano até Suape.
Este segundo trecho, de 545 quilômetros, já havia sido deixado de lado desde o governo Bolsonaro, mas voltou aos planos no governo Lula, com a Sudene sob Cabral. Até o momento foram construídos apenas 33% do ramal pernambucano, saindo de Salgueiro apenas até Custódia, ainda no Sertão. Nos bastidores, alega-se que o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), teria dito que “os pernambucanos” estariam dificultando o avanço da Transnordestina e alegado que os atrasos no ramal cearense seria por falta de empenho de Danilo Cabral. A Sudene é a principal financiadora da obra, através do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE).


Desde que Cabral reforçou, durante evento realizado em julho, o empenho pelo ramal pernambucano, prometendo também investir em pesquisas para mais ferrovias no seu estado natal, a pressão sobre o político aumentou. Entidades empresariais da Paraíba e de Pernambuco saíram em defesa de Cabral, mas a força dos petistas do Ceará foi maior. Antes de assumir a Sudene, Danilo foi deputado federal por três mandatos (2011-2022), deixando o cargo para disputar o Governo do Estado, quando teve 18% dos votos e ficou em 4º lugar.
Os senadores pernambucanos do PT divulgaram notas sobre sua demissão. “Danilo foi indicado ao cargo em consenso pelo PT de Pernambuco, uma indicação que muito nos orgulha. Além de reunir capacidade técnica e sensibilidade política, Danilo desenvolveu um trabalho impecável”, escreveu Teresa Leitão. “Danilo estruturou a instituição e devolveu a ela o seu protagonismo em defesa do povo nordestino”, elogiou Humberto Costa, qualificando Cabral como “um quadro de grande talento político e enormes qualidades técnicas”.
O substituto
Ao que tudo indica, o novo superintendente da Sudene deve vir também de Pernambuco, mas indicado pela senadora Teresa Leitão (PT). O nome mais cotado é o do engenheiro civil Francisco Ferreira Alexandre, 2º suplente da senadora petista. Natural de Bom Conselho, no Agreste do estado, ele tem formação acadêmica na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), estado onde ele foi servidor no Banco do Brasil e onde iniciou sua atuação sindical junto à CUT local. Atuou no conselho de administração de empresas do ramo alimentício, como Perdigão e BRF, e de fundos de investimentos.

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