Marqueteiro diz que problema da terceira via é vaidade
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Marqueteiro da campanha à reeleição do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), Paulo Vasconcelos também atua como consultor informal de Sergio Moro, que na última semana promoveu uma reviravolta no cenário político nacional ao anunciar a desistência de disputar a Presidência, e trocar o Podemos pelo União Brasil. Com a experiência de quem já conduziu as campanhas presidenciais de Aécio Neves (2014) e de Henrique Meirelles (2018), Vasconcelos avalia que uma candidatura para fazer frente à polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro só convencerá se houver união de forças, o que, para ele, hoje não é factível por conta da vaidade dos nomes da chamada terceira via.
No cenário nacional, acredita que o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro farão uma guinada ao centro para tentar neutralizar uma eventual terceira via?
A melhor estratégia é sempre a de vender o seu projeto de governo. Lula vai convergir ao centro como estratégia óbvia, como já foi o governo dele. Bolsonaro tem um ponto mais duro de combate e, por isso, não se movimenta. Mas, ambos estão parados faz seis meses. Uma eleição polarizada há tanto tempo já poderia estar decidida. Temos, hoje, uma terceira via enfartada. Faltam espaços para essa terceira via. A terceira via pode acontecer de uma reunião, mas não vejo uma terceira via constituída até o momento.
E qual seria a estratégia para reverter esse cenário?
A união de forças. A vaidade é inimiga da terceira via. Há outro fator determinante: essa lei que está aí faz com que qualquer presidente de partido queira eleger deputados federais. O (Gilberto) Kassab (presidente do PSD) quer atravessar o primeiro turno em todos os palanques, fazendo uma grande bancada, já que é o que faz o partido ser forte na frente. Desistir do Executivo enfraquece a democracia. É uma escolha de Sofia cruel. O União Brasil é a grande chave para a terceira via. A terceira via nunca deixou de ser um esforço de quem pensa num projeto de país diferente do oferecido. É preciso haver desprendimento. Mas, neste momento, não vejo sinceridade. O candidato com o melhor desempenho é o (Sergio) Moro (União Brasil) até o momento. Não sei se os partidos querem, de fato, a terceira via. Me parece quererem fazer deputados para ter fundo partidário e força de negociação no futuro.
Como fica agora o discurso de Moro, de combate à corrupção e defesa da integridade, em um partido que abriga a família Garotinho, a filha de Eduardo Cunha e Arthur do Val?
Acho, sim, que o eleitor vai ficar confuso com isso. Mas a movimentação de Moro, ao desistir da corrida presidencial, é muito legítima. É uma construção para, quem sabe, concorrer ao cargo à frente. Ele sabe do peso que tem ao atrair quase 10% do eleitorado brasileiro.
Por este motivo, ele deveria deixar divergências de lado e pensar em apoiar uma terceira via?
Sim. O movimento dele ajuda a constituir uma terceira via. Moro é um cara que deve percorrer o Brasil com o cabeça de chapa do PSDB. É uma figura importante para se somar ao palanque da terceira via. Aí, sim, há uma construção. O nascer de uma terceira via ocorre se todo mundo se somar. Esse é o sonho.
O governador do Rio, Cláudio Castro, ainda é um rosto desconhecido por grande parte do eleitorado fluminense. Como mudar esse cenário nos seis meses que restam até a eleição?
A estratégia adotada desde outubro de 2021 tem sido a de aparecer um pouco mais, frequentar mais agendas. Com a casa minimamente arrumada no âmbito econômico, pudemos apresentá-lo como um realizador de obras, um político que atende às carências da população. O Rio precisava conhecer o seu governador e, para isso, ele mostrou o rosto em eventos espalhados por todo estado. Hoje, trabalhamos com a parcela de até 60% do eleitorado fluminense que não conhece o seu governador, de acordo com nosso levantamento. Em junho começam as inserções na mídia e, até lá, esperamos que ele tenha ganhado 15 pontos de conhecimento, com conversão de até 50% desta parcela em votos. Em julho teremos os debates e a campanha, propriamente dita. A partir daí, as coisas ocorrem naturalmente.
Castro tenta se posicionar como um candidato inclinado ao centro, apesar de ser correligionário de Bolsonaro e da pressão para que o PL tenha uma chapa puro-sangue no Rio, reforçando o palanque do presidente. Como não associá-lo ao radicalismo, nesse contexto?
Tentar uma desvinculação de Bolsonaro seria tentar enganar o eleitor, independentemente de o vice ser um bolsonarista ou um nome de centro. Mas é importante frisar que eles não são a mesma pessoa. Acredito que Bolsonaro facilite a vida de um candidato de centro-direita, como Castro, já que ele é bastante radical. É possível discordar sem se tornar inimigo, ter a sua identidade, apesar de ser aliado. Castro pensa em governar o Rio, mas se desvincular do presidente é impossível. São chefes do Executivo do mesmo partido.
A escolha do vice, sendo um bolsonarista de primeira hora, pode afetar o planejamento para a campanha que o posiciona como alguém inclinado ao centro?
O “marquetismo dos magos” ficou para trás. Fazemos um trabalho estratégico, de comunicação e de política. Em uma candidatura como a do (Marcelo) Freixo (PSB), o vice é importante, já que significa a primeira movimentação de um possível novo governo. Para o Castro, bem menos. O governo já está pronto, há um projeto em curso. Acho que nenhum nome vai gerar uma tração no posicionamento dele ante o eleitor.
O governador foi cobrado por políticos pela festa de aniversário que reuniu 1.200 convidados na última semana. Houve excesso?
Existe um excesso de patrulhamento nessas coisas. As informações são públicas e estão aí. Toda vez que um governador for fazer uma festa vai trombar nessas questões. Nem sempre que um governador fizer uma grande festa, o evento deve ser tratado como uma coisa errada, sem comprovação. É uma escolha pessoal dele. Acho que a festa correu bem. O assunto morre daqui a pouco, há um oportunismo em criminalizar.
O evento não teve seu custo e fonte pagadoras divulgados.
Um grupo com belas entregas, como o secretariado de Castro que financiou o evento, cometeria um erro tão primário? Seriam tão ingênuos? Eu acredito que não. Aposto que essas questões ainda serão respondidas. Até agora não há motivos para problematização. O evento não ocorreu na surdina, não nasceu da noite para o dia.
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