Papa Francisco pede cessar-fogo em Gaza e desarmamento global na Páscoa
Mesmo com saúde frágil e fala limitada, o Papa Francisco emocionou fiéis ao redor do mundo com sua mensagem de Páscoa neste domingo (20). Em tom forte e compassivo, pediu cessar-fogo imediato em Gaza, condenou a corrida armamentista mundial e defendeu as chamadas “armas da paz”: solidariedade, ajuda humanitária e desenvolvimento.
Lida por Mons. Diego Ravelli, a mensagem Urbi et Orbi foi um verdadeiro manifesto humanitário que ressoou do balcão da Basílica de São Pedro até as zonas mais conflagradas do planeta.
“Estas são as ‘armas’ da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte!”
As armas da paz e o fim da lógica do medo
Francisco foi enfático ao dizer que não há paz sem desarmamento real. Ele exortou líderes mundiais a não cederem à lógica do medo, priorizando investimentos em armas enquanto a fome, a miséria e as doenças se alastram:
“A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento.”
O Papa defendeu que os recursos bilionários usados em tanques, drones e mísseis devem ser redirecionados para ações concretas em defesa da vida, da dignidade humana e do planeta.
Gaza, Ucrânia, Mianmar: os nomes da dor mundial
A mensagem papal citou nominalmente as tragédias da Terra Santa, Gaza, Ucrânia, Mianmar, Síria, Iêmen, Sudão e tantos outros. Referiu-se à situação humanitária em Gaza como “dramática e ignóbil”, lembrando que escolas, hospitais e civis inocentes seguem sendo alvos cotidianos.
Francisco alertou que o mundo está acostumando-se à barbárie, perdendo o senso de indignação.
“Não são alvos, são pessoas com alma e dignidade!”
Vida, não morte: a ressurreição como mensagem política
Mesmo sem pronunciar a homilia pessoalmente, o conteúdo da mensagem de Páscoa é claramente político: o Papa defende os vulneráveis, os migrantes, as mulheres vítimas de violência, os idosos descartados e as crianças que sequer têm a chance de nascer.
“Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas.”
A frase não poderia ser mais impactante. É um tapa de luva nos regimes autoritários e nas democracias omissas.
Uma bênção que não silencia diante do sofrimento
Apesar das dores físicas, o Papa apareceu brevemente, acenou aos milhares de fiéis e abençoou o mundo com coragem e ternura, sendo ovacionado na Praça de São Pedro. Depois, percorreu o local em papamóvel, sob aplausos e lágrimas.
O gesto reafirma que a liderança espiritual de Francisco segue ativa — e profundamente crítica.
Tudo sobre a Páscoa do Papa
O Papa escreveu a mensagem sozinho?
Sim. A homilia foi redigida por ele e lida por seu mestre de cerimônias, Mons. Diego Ravelli.
Por que o Papa falou em “armas da paz”?
Ele quis contrastar a lógica da guerra, propondo como “armas” a solidariedade, o amor ao próximo, o auxílio humanitário e o desarmamento real.
O Papa está bem de saúde?
Ele enfrenta dificuldades respiratórias e limitações físicas, mas segue ativo e engajado nos temas globais. Sua aparição pública foi breve, mas simbólica.
Qual foi o recado central?
Francisco pediu o fim dos conflitos, a defesa da dignidade humana e o uso responsável dos recursos do planeta.
A homilia do desarmamento moral
Nesta Páscoa, Francisco não ressuscita só a esperança cristã, mas também a urgência da ação humana. Ele denuncia a indústria da morte com a simplicidade de quem oferece flores em vez de fuzis. A homilia virou um manifesto contra a lógica bélica que domina os palácios — e acerta em cheio o cinismo de governos que, enquanto rezam nas catedrais, investem em bombas.
O Papa Francisco pede mais do que orações: exige coragem e humanidade.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael