Manifestantes de 11 de agosto acreditam em golpe
Foto: Edilson Dantas
Horas após a leitura dos manifestos em favor da democracia na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), um grupo de manifestantes fez um ato na Avenida Paulista e interditou quatro faixas de trânsito do quarteirão em frente ao Museu de arte de São Paulo (Masp). O Monitor do debate político da USP entrevistou uma amostra de 595 pessoas desse grupo para medir opiniões sobre urnas eletrônicas e risco de ruptura, além de identificação política, polarização afetiva e outros temas pertinentes às eleições 2022.
O levantamento coordenado por Marcio Moretto e Pablo Ortellado, no âmbito da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, fez abordagens aleatórias ao longo de toda a manifestação das 17h às 20h, tem margem de erro de quatro pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%.
Entre quem foi à Paulista no dia da leitura das cartas no Largo de São Francisco, 76% acreditam que há risco de golpe caso o presidente e pré-candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, perca. Outros 17% dizem que não e 7% não souberam responder. Por outro lado, 94% acreditam no resultado das urnas.
Nesta quinta-feira, os manifestantes da Paulista tiveram distribuição igual entre homens e mulheres (52% e 48%, respectivamente). Idades entre 18 e 44 anos foram maioria, com 72% de representatividade. A grande maioria era branca (59%). Pardos e Pretos somaram 20% e 15% respectivamente. Sobretudo, a manifestação teve perfil universitário, com 79% dos presentes com ensino superior completo e 20%, com o médio.
Como era de se esperar, 90% se identificaram com a esquerda, mas outros 5% se disseram de centro e uma segunda parcela de 5%, como “nada disso”. Foram 80% os que se disseram “nada conservadores”, mas apareceram também os que se consideraram conservadores, mesmo em uma manifestação amplamente contrária a Bolsonaro: 15% dos entrevistados se mostraram como “pouco conservadores”. Os que se disseram “muito conservadores” somaram 3%. Números paralelos aos da pergunta: “Você é antipetista?”
Em uma manifestação anti-Bolsonaro, era de se esperar que a grande maioria (82%) se dissesse “nada antipetista”. Mas 13% afirmaram que são “pouco antipetistas” e 3%, “muito antipetistas”.
Em 2018, 44% dos entrevistados votaram em Fernando Haddad (PT); 13%, em Ciro Gomes (PDT); 13% em Guilherme Boulos (PSOL) e 21% disseram não ter votado. Uma das principais preocupações de estrategistas eleitorais é o fato de nunca se saber ao certo, no Brasil, qual será o índice de abstenção, que é crescente: 31 milhões de pessoas não votaram em 2018, exatamente 21% do eleitorado, como calculou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018.
Apesar de uma maioria pacífica, com 58% contra a violência “para impedir a vitória de Bolsonaro”, 30% disseram usar violência é algo justificável nesse caso. Outros 12% não souberam responder.
No campo da polarização afetiva, que mede a distância entre os dois lados predominantes da política brasileira, 73% deram nota 0 na escala na qual 0 é desgostar muito de bolsonaristas e 10 é gostar muito. Foram 9% os que ficaram entre 1 e 2 e 18% os que variaram entre 3 e 10.
A equipe dos pesquisadores da USP envolveu 18 entrevistadores envolvidos com os trabalhos do Monitor do debate político da universidade.
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