Lula relembra encontro e lamenta morte de Bento XVI. Confira a repercussão
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou ter recebido com tristeza a morte de Joseph Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI. Nas redes sociais, Lula relembrou o encontro que os dois tiverem em 2007 e destacou o compromisso do papa com a fé e os ensinamentos cristãos.
“Recebi com tristeza a notícia da morte do papa emérito Bento XVI. Tivemos a oportunidade de conversar na sua vinda ao Brasil em 2007 e no Vaticano, sobre seu compromisso com a fé e ensinamentos cristãos. Desejo conforto aos fiéis e admiradores do Santo Padre”, escreveu Lula, que se prepara para a posse presidencial neste domingo (1º).
O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, nomeado por Bento XVI em 2007, exaltou a contribuição dele para a igreja. “Jovem teólogo ainda, ele foi um dos peritos do Concílio Vaticano II e tronou-se, depois, um dos teólogos mais importantes da igreja pós-conciliar. Foi professor, bispo e colaborador estreito por muitos anos do Papa João Paulo II”, destacou.
O teólogo Leonardo Boff comentou que se deve distinguir o teólogo Joseph Ratzinger da função de Papa, condutor da igreja. “Como teólogo é um típico intelectual centro-europeu, inteligente e erudito. Como Papa foi um esforço fracassado de restauração”, afirmou.
O futuro líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, também lamentou a morte de Bento XVI, afirmando que ele deixou um grande legado à igreja católica e a todos os cristãos. “Um intelectual renomado que trabalhou por um mundo de fraternidade. E por esse mundo devemos buscar incansavelmente. Se foi, mas a sua trajetória permanecerá viva entre todas as gerações”, escreveu.
O ex-ministro, e candidato derrotado à presidência da República em 2022, Ciro Gomes (PDT) também prestou condolências a Bento XVI. “Lamento o falecimento do Papa Bento XVI. Sua trajetória está eternizada na história da Igreja Católica. Que descanse em paz”, escreveu.
O funeral de Bento XVI será realizado na praça São Pedro, no Vaticano, no próximo dia 5, com a cerimônia final sendo presidida pelo Papa Francisco. O corpo do Papa emérito será exposto para despedidas dos fiéis a partir desta segunda-feira (2).
Líderes europeus
Líderes mundiais também lamentaram a morte do Papa emérito, como o presidente francês, Emmanuel Macron. “Meus pensamentos estão com os católicos franceses e do mundo inteiro, enlutados pela partida de Sua Santidade Bento XVI, que trabalhou com alma e inteligência por um mundo mais fraterno”, publicou nas redes sociais.
O presidente da Itália, Sergio Matarella, disse que o país está de luto. “Sua gentileza e sabedoria beneficiaram os italianos e a comunidade internacional. Com dedicação continuou a servir a causa da sua Igreja na qualidade inédita de Papa Emérito com humildade e Intelectual e teólogo interpretou com delicadeza as razões do diálogo, da paz, da dignidade da pessoa, como interesses supremos das religiões. Com gratidão olhamos para o seu testemunho e o seu exemplo”.
“O mundo perde uma figura formadora da Igreja Católica, uma personalidade polêmica e um teólogo inteligente. Meus pensamentos estão com o Papa Francisco”, afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz.
História de vida
Um dos papas eleitos com idade mais avançada, Ratzinger se tornou Bento aos 78 anos, em abril de 2005. Permaneceu no cargo por quase oito anos, se afastando definitivamente em 28 de fevereiro de 2013, aos 85 anos, criando um novo termo para o vocabulário do dia a dia da igreja católica: papa emérito.
Eleito para substituir João Paulo II, que conduziu a igreja por mais de 26 anos, teve um papado marcado por viagens pelo mundo e por abertura de diálogo com líderes de outras religiões, ele assumiu o cargo deixando clara sua postura favorável à identidade religiosa tradicional.
Nascido em 16 de abril de 1927 (sábado santo) na cidade de Marktl, no estado alemão da Baviera, Joseph Ratzinger foi o terceiro filho de um policial e uma dona de casa que chegou a trabalhar como cozinheira em hotéis. Passou boa parte da infância e juventude na cidade de Traunstein, próxima da fronteira alemã com a Áustria.
Chegou a se filiar à juventude hitlerista em 1941, cumprindo uma obrigação da legislação alemã, que determinava o registro dos jovens de 14 anos. Porém, há relatos de que seu pai participou da resistência ao regime nazista.
Estudou filosofia e teologia. Ingressou na igreja junto do irmão, Georg, que viria a morrer em 2020 e de quem sempre foi muito próximo. Eles foram ordenados sacerdotes juntos, em 1951.
Após a ordenação, Joseph Ratzinger atuou como professor em diferentes universidades alemãs. Teve consistente carreira acadêmica (recebeu oito títulos de doutor honoris causa, oferecidos por universidades de diversas partes do mundo, antes mesmo de se tornar papa).
Foi arcebispo de Munique e Freising entre 1977 e 1982. Ainda em 1981, foi nomeado por João Paulo II para chefiar o Dicastério para a Doutrina da Fé, um dos órgãos mais importantes da Santa Sé, assumindo o cargo no ano seguinte, após deixar a Alemanha. Permaneceu no dicastério até 2005, quando foi eleito papa.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog