Falta de água atinge cerca de cem mil habitantes da Zona Leste de Porto Alegre há quase um mês

Moradores de diversos bairros da Capital têm sofrido com o agravamento do já comum problema da falta de água no verão. Em alguns locais, como o Morro da Cruz, por exemplo, o problema persiste desde o início do ano, com longos períodos sem o fornecimento do serviço. Nesta localidade, moradores relatam períodos de 8 dias sem água, com o retorno em um dia e depois, novamente, mais 4 ou 5 dias sem.

O problema tem sido especialmente grave em bairros da Zona Leste da cidade. Após a pressão de moradores e de alguns mandatos de vereadores, o prefeito Melo (9) esteve presencialmente no Morro da Cruz, para conferir a situação. Após a visita, a prefeitura decretou situação de emergência nos bairros Partenon, Vila São José, Vila João Pessoa, Coronel Aparício Borges e Santo Antônio, tidos pela gestão como os piores casos. Somente esses bairros compreendem uma população de cerca de cem mil habitantes.

Segundo afirma a gestão municipal, os problemas se acumularam devido às ondas de calor extremo, sobrecargas nos sistemas de eletricidade e nas estações de bombeamento, somados ao baixo nível dos reservatórios.

Durante a visita do prefeito, diversos moradores foram ao seu encontro, mostrando, em baldes, a água que eles têm disponível na torneira. Tanto a cor, quanto o cheiro da água, davam sinais de que esta não era própria para consumo. “Isto por acaso é água pra gente tomar?”, questionou uma moradora.

A mesma moradora afirmou que a situação é desumana e que os longos períodos com desabastecimento vêm se repetindo há mais de um mês, o que obriga as pessoas a terem que buscar água em outras localidades. Pessoas com parentes doentes ou crianças pequenas não podem fazer isso por conta própria, necessitando da ajuda de vizinhos para não ficar água.

“Dizem que aqui é invasão, que não somos regularizados, mas a gente paga imposto aqui. Queremos uma resposta e uma data concreta para resolver essa situação!”, reclamou a moradora ao prefeito.

Problema é grave em diversas localidades, afirma vereador

Contato pela reportagem, o vereador Aldacir Oliboni (PT) relata que foi um dos mandatos que articulou, junto da comunidade, a ida do prefeito até o bairro. Ele esteve presente durante a visita e vêm acompanhando a situação da falta de água na cidade. Afirma que, além do próprio Morro da Cruz, e dos bairros que foram abrangidos pelo decreto de emergência, a situação também é igualmente preocupante em regiões como Bom Jesus, Lomba do Pinheiro, Recreio da Divisa, Panorama, Jardim Carvalho e Agronomia (todos na Zona Leste).


Vereador Aldacir Oliboni (à direita, de camisa) é um dos que tem acompanhado o problema da falta de água em diversos bairros da Zona Leste / Foto: Claiton Oliveira

“Todos esses bairros tiveram problemas gravíssimos com relação à falta de água nesse período de forte calor. Fizemos requerimentos de comparecimento para o presidente do DMAE ir até a Câmara e, articulando com o governo, o prefeito se dispôs a ir até o Morro da Cruz”, relata Oliboni.

Porém, segundo afirma, antes do momento da visita, houve um período grande de falta de água, com ausência do poder público. O vereador confirma o relato de moradores dos longos períodos sem o abastecimento.

“O primeiro período foi de 8 dias, depois veio a água, seguido de mais 4 sem vir. Somente aí que se adotou o carro pipa, que é uma emergência. O governo tem que governar para todos, nesse sentido, não só no Morro da Cruz, o carro pipa não é suficiente”, explica.

Relata que a grande maioria desses bairros não tem caixa d’água e que, quando ocorre a interrupção do serviço, o retorno acontece com uma água turva e suja, sem condições de consumo. Há ainda relatos de muitos moradores de crianças com infecções intestinais e estomacais em função do consumo da água.

“Com a pressão que fizemos e a ida do prefeito no Morro do Cruz, ele [Melo] viu que a indignação era geral. Percebendo isso, imediatamente anunciou estado de emergência, para poder justificar a compra de reservatórios provisórios”, prossegue Oliboni.

Relata também que essas medidas são para o curto prazo. A médio prazo, informa que o governo vem se comprometendo a construir novos reservatórios, fazendo a canalização da água para reestabelecer a normalidade no serviço nos próximos períodos. Explica também que foi formada uma comissão para acompanhar a execução dessas ações emergenciais, sendo formada por integrantes do governo e representantes da comunidade.

“Nós esperamos que isso aconteça, pois o DMAE é superavitário, o governo tem dinheiro em caixa e sabe que tem tanta gente necessitada, não só da água, mas de outras questões ligadas à área social”, completa o vereador.


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Publicação de: Brasil de Fato – Blog

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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