Bolsonaro acerta e amadurece nas alianças das eleições na Câmara e no Senado

Análise: ex-presidente ajusta discurso e afasta setor radical da direita com vistas às eleições de 2026

Este sábado (1º) pode ser considerado o “Dia D” para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começa a entender que a moderação pode ser a chave para suas pretensões em 2026. Desde o resultado das eleições municipais, Bolsonaro tem adotado um tom mais pragmático, apostando no diálogo e reduzindo o ímpeto belicoso que marcou sua atuação nos últimos anos. Esse movimento tem incomodado setores mais radicais da extrema-direita, que veem a aproximação com outros grupos políticos como um desvio de rota.

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O racha na base bolsonarista

Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro racham a direita brasileira.
Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro racham a direita brasileira.

Parlamentares do PL e do NOVO têm buscado consolidar uma ala alternativa, mais alinhada com a retórica inflexível e combativa que marcou os primeiros anos do bolsonarismo. Esses setores acreditam que a adesão ao jogo político tradicional enfraquece a base eleitoral mais fiel ao ex-presidente. No entanto, Bolsonaro tem dado sinais claros de que está disposto a jogar dentro das regras institucionais para garantir uma posição forte na disputa de 2026.

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A estratégia inclui um afastamento gradual de figuras que insistem no discurso mais radical e que, nos últimos meses, deixaram de fazer manifestações públicas contundentes em defesa do ex-presidente. O próprio Bolsonaro percebeu que, sem alianças e sem um discurso que agregue setores médios do eleitorado, sua sobrevida política pode estar ameaçada.

A ordem no número duro do bolsonarismo é: “Mais Temer”, “Menos Nikolas Ferreira” e “Menos Astronauta Marcos Pontes”; isto é, aprofundar a imagem de “Bolsonaro Paz e Amor” visando a reabilitação política pelo Congresso Nacional.

A nova postura pragmática

Bolsonaro parece ter assimilado que a política é a arte do diálogo, inclusive com adversários. Esse pragmatismo ficou evidente na decisão do PL de integrar a chapa liderada por Davi Alcolumbre (União-AP) na mesa diretora do Senado. A estratégia garantiu ao partido a 1ª vice-presidência da Casa, a Comissão de Infraestrutura, a relatoria do Orçamento e um assento em mais uma comissão importante.

Em resposta aos questionamentos de sua base mais fiel, Bolsonaro justificou a decisão dizendo: “Caso apoiássemos o candidato avulso do PL, ficaríamos sem os cargos acima […]. O nosso partido dá um enorme passo na busca do seu fortalecimento em 2026”.

O movimento também reforça a construção de uma imagem de líder conciliador, necessária para consolidar apoios em um possível retorno à Presidência. A estratégia, embora eficiente do ponto de vista institucional, pode alienar parte de sua base mais radicalizada, que espera dele uma postura mais confrontativa.

Eleições de 2026 no horizonte

Com as eleições municipais como termômetro, Bolsonaro vê nos resultados um indicativo de que a moderação pode ser o caminho para o fortalecimento de sua candidatura. As vitórias de aliados em diversas cidades comprovam que uma estratégia mais articulada e menos impulsiva pode garantir maior capital político no longo prazo.

O desafio, agora, é equilibrar o discurso. Enquanto busca manter a base que o elegeu em 2018, Bolsonaro precisa ampliar seu leque de alianças para evitar um isolamento político que comprometa suas chances em 2026. A próxima fase do bolsonarismo pode ser menos ruidosa, mas estratégica o suficiente para manter seu protagonismo no tabuleiro político brasileiro.

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Bolsonaro foi impedido de embarcar para a posse de Trump, nos EUA. Foto: reprodução/rrss

Publicação de: Blog do Esmael

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