Álvaro dos Santos, sobre a tragédia de Capitólio: Há muito uma faixa de risco deveria ter sido marcada, para impedir barcos e nadadores nesse local

SOBRE A TRAGÉDIA EM CAPITÓLIO

Com a Geologia as pessoas podem se divertir, mas sem perder o respeito.

Por Álvaro Rodrigues dos Santos*

Os desmoronamentos e tombamentos de rochas, em pequenos ou grandes blocos, são comuns nos cânions de todo o mundo. É o processo natural de evolução desses paredões rochosos.

Só por esse fato já teria sido indicado a delimitação de uma faixa de risco que impedisse a aproximação de pessoas das bases desses paredões.

Mas no caso de Capitólio, município de Minas Gerais, há fatos agravantes:

1 – a rocha tem acamamentos e fraturamentos naturais que facilitam esses desmoronamentos;

2 – com a formação do lago de Furnas a parte baixa dos paredões rochosos que fica em contato com a água passou a sofrer os efeitos da saturação pela água e do constante embate de ondas, fatores que potencializam a possibilidade de desmoronamentos.

Os dois fatores sugerem que a gestão das atividades de turismo da região deveria já de há muito ter adotado preventivamente a delimitação de uma faixa de risco, definida a partir do pé do paredão em contato com a água, além da qual os barcos e eventuais nadadores não deveriam ultrapassar.

E também definir os canais estreitos dos cânions que não pudessem ser navegados, dado o fato de que nesses canais as embarcações ficam muito próximas dos paredões.

Que a dura e trágica lição obrigue agora essa providência.

*Álvaro Rodrigues dos Santos é geólogo,  pesquisador sênior V pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Preside a ARS Geologia — Geologia, Geotecnia, Meio Ambiente

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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