Tragédia no Texas: enchente mata 27 e revela falhas e omissões

A violenta enchente no rio Guadalupe, no Texas, já deixa ao menos 27 mortos, incluindo nove crianças, e dezenas de desaparecidos. O episódio expõe, mais uma vez, a combinação trágica entre falta de infraestrutura, omissões do poder público e o agravamento da crise climática.

Enquanto equipes de resgate buscam sobreviventes nas águas turvas da região de Kerr County, aumenta a pressão sobre autoridades locais e federais, que falharam em alertar a população e estruturar sistemas de prevenção adequados.

Acampamento infantil virou símbolo da tragédia

Entre os desaparecidos, 27 meninas do tradicional Camp Mystic, um acampamento cristão para crianças às margens do Guadalupe, seguem sem paradeiro confirmado. Pais desesperados lotaram centros de reunificação ou publicaram fotos e apelos nas redes sociais em busca de informações.

O Camp Mystic, com quase um século de história, afirmou ter sofrido “inundações catastróficas” e relatou dificuldade de comunicação e de acesso às equipes de resgate.

Chuvas históricas e a marca do aquecimento global

A força da enchente surpreendeu até os moradores acostumados aos extremos climáticos da região conhecida como “beco das enchentes”. Em menos de duas horas, o rio Guadalupe saltou de 3 para 34 pés de altura, transformando riachos em torrentes devastadoras.

Cientistas alertam que chuvas intensas como essa estão se tornando mais frequentes devido ao aquecimento global, provocado pela queima de combustíveis fósseis. Estudos apontam que o volume de chuvas extremas no Texas pode aumentar 10% até 2036.

Apesar dos dados alarmantes, o governo Trump vem promovendo cortes no orçamento da NOAA (agência meteorológica) e desmontando órgãos responsáveis por pesquisas climáticas, o que dificulta o planejamento e a resposta a tragédias como essa.

Sistema de alerta falhou

Segundo o juiz de Kerr County, Rob Kelly, o condado sequer possui um sistema eficaz de alertas para enchentes. Moradores relataram que as mensagens de emergência chegaram tarde ou subestimaram o risco real.

A ausência de um plano robusto de evacuação e a precariedade das vias de acesso agravaram o caos. Estradas ficaram intransitáveis, pontes cederam e milhares ficaram isolados.

Trump promete ajuda, mas enfrenta críticas

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Negacionismo: Trump não acredita nas mudanças climáticas.

Em meio às críticas sobre o desmonte das estruturas de prevenção, o presidente Donald Trump declarou que o governo federal “vai cuidar” da situação. A promessa, feita a bordo do Air Force One, ocorre enquanto sua administração é acusada de sabotar pesquisas climáticas e cortar verba para infraestrutura.

Enquanto isso, o número de desaparecidos segue impreciso. As autoridades reconhecem que as informações mudam “minuto a minuto”, e o clima permanece instável, com previsão de mais chuvas fortes nos próximos dias.

Tragédia se repete após 1987

O episódio remete à enchente de 1987, quando o mesmo rio Guadalupe subiu quase 30 pés e matou dez adolescentes de um acampamento religioso. Na ocasião, erros na travessia de veículos e falta de alerta precoce também contribuíram para o desastre.

Décadas depois, a tragédia se repete, agora agravada pela combinação letal de negligência pública e colapso climático.

A fatura da omissão chegou

A enchente no Texas não é um acaso da natureza. Ela carrega o rastro da omissão, da desinformação e da recusa em encarar as mudanças climáticas como um desafio urgente. Tragédias como essa expõem não apenas a vulnerabilidade das famílias, mas a fragilidade de governos que insistem em negar a realidade científica.

A pergunta que fica, diante da dor das vítimas e da revolta de quem perdeu tudo, é: até quando o negacionismo, o desmonte de políticas públicas e o descaso com a ciência vão custar vidas?

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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