Chacina na Chapada dos Veadeiros: ‘Junte-se a nós e peça justiça para as 4 vítimas da PM de Goiás’; abaixo-assinado e vídeo

JUNTE-SE A NÓS E PEÇA JUSTIÇA PELAS VÍTIMAS DA CHACINA DA CHAPADA DOS VEADEIROS. Não seja indiferente aos casos de abusos, violências e execuções cometidos pela Polícia Militar do Estado de Goiás, nos ajude a denunciar a Chacina na Chapada, assinando a nota abaixo:

NOTA PÚBLICA EM REPÚDIO À CHACINA PROMOVIDA NA CHAPADA DOS VEADEIROS (SÃO JORGE) PELO ESTADO DE GOIÁS

A comunidade de Sa?o Jorge e da Chapada dos Veadeiros, com apoio de diversas entidades de defesa de direitos humanos e movimentos sociais de Goia?s, vem a pu?blico denunciar a ac?a?o policial do u?ltimo dia 20 de janeiro, ja? conhecida como Chacina da Chapada dos Veadeiros, promovida pelo Estado de Goia?s, que assassinou quatro pessoas, uma delas quilombola, na zona rural de Cavalcante.

Neste dia, a Poli?cia Militar de Goia?s invadiu, sem mandado de prisa?o ou investigac?a?o pre?via, uma propriedade localizada na zona rural de Cavalcante onde havia uma plantac?a?o de cannabis e encontravam-se sete pessoas. Quatro delas foram assassinadas pela PM sem direito a? defesa e outras tre?s conseguiram fugir com vida.

Os policiais alegam que receberam uma denu?ncia ano?nima da existe?ncia de “tra?fico de drogas” e ao chegarem no local, teriam sido recebidos a? bala. Entretanto, nenhum policial ou viatura foi alvejado ou ferido. As vi?timas foram mortas por 58 tiros, sendo que 40 disparos foram feitos por fuzis.

Salviano, Chico, Jacare? e Alan eram conhecidos por todos da comunidade e muitos possuem esto?rias pra contar dos momentos vividos juntos.

Na?o eram pessoas violentas, na?o andavam armados. Eram paci?ficos. Morreram por causa da indiferenc?a com a vida de uma guerra insana, que condena e mata de forma seletiva uma parte da populac?a?o que e? preta e pobre, em verdadeiros tribunais de rua.

Por que matar primeiro e perguntar depois?

Por que na?o optar por uma investigac?a?o inteligente, que permita conhecer o perfil dos suspeitos envolvidos e seus antecedentes?

Por que a poli?cia goiana em um sem nu?mero de vezes na?o cumpre sua missa?o de prender suspeitos e garantir o direito de defesa de todas as pessoas, observando o uso proporcional da forc?a e o respeito a? lei?

Por que na?o respeitam o Estado de Direito, onde impera a lei e o devido processo legal?

Por que os o?rga?os de controle mantidos com recursos pu?blicos pouco agem?

Nos u?ltimos anos, diversas entidades da sociedade civil ve?m apresentando inu?meras denu?ncias de casos emblema?ticos de viole?ncia policial, abuso de autoridade, abordagens ilegais, formac?a?o de grupos de extermi?nio, tortura e desaparecimentos forc?ados protagonizados pela poli?cia militar.

Uma situac?a?o ta?o grave que, denunciada nos meios poli?ticos, foi nacionalmente e internacionalmente reconhecida a partir da realizac?a?o de uma audie?ncia tema?tica na Comissa?o Interamericana de Direitos Humanos, em Washington (EUA), em 2011, e teve a federalizac?a?o de inque?ritos que demonstraram graves violac?o?es de direitos humanos e a ine?rcia das instituic?o?es estaduais.

De la? pra ca?, pouco ou nada mudou.

Para se ter uma noc?a?o da situac?a?o atual, segundo o u?ltimo Anua?rio Brasileiro de Seguranc?a Pu?blica (2021), a poli?cia goiana e? a segunda mais letal do pai?s e e? responsa?vel por 29% das mortes violentas intencionais totais do estado, i?ndice que na?o deve superar 10% e indica a proporcionalidade do uso da forc?a.

Outro indicador de proporcionalidade e? a relac?a?odo total de mortos em intervenc?o?es policiais e o total de policiais assassinados. Em Goia?s, para cada policial vi?tima, morrem 210 civis. E? o maior i?ndice dentre os 27 estados brasileiros.

O FBI (EUA) trabalha com a proporc?a?o de 12 civis mortos para cada policial morto. Estudiosos sugerem que quando essa proporc?a?o e? maior do que 15, enta?o a poli?cia esta? abusando do uso da forc?a letal.

Recente ana?lise de dados oficiais da Justic?a de Goia?s nos mostra que so? uma em 200 mortes por intervenc?a?o policial em Goia?s vira processo na Justic?a, nos deixando estarrecidos pela total inopera?ncia dos sistemas policial e judicia?rio que falham reiteradas vezes em garantir justic?a por meio de uma apurac?a?o a?gil e transparente dos casos de viole?ncia nos quais esta?o envolvidas as forc?as de seguranc?a.

E por permanecerem sem soluc?a?o e na invisibilidade, condenam centenas de fami?lias a um sofrimento psi?quico sem fim, estimulam a impunidade e geram ainda mais viole?ncia.

Estamos mobilizados para dizer “Basta”!

Na?o queremos aceitar mais viole?ncia e impunidade!

Denunciamos que os nossos mais nobres anseios por seguranc?a pu?blica e direito a? vida abundante e plena esta?o sendo sequestrados por um Estado incapaz de controlar a viole?ncia e responsabilizar quem descumpre a lei no exerci?cio de sua missa?o pu?blica. Recusamos a ideia de que nossa seguranc?a depende da quantidade de terror que se espalha pelo mundo.

Exigimos o imediato cumprimento das leis vigentes e uma investigac?a?o se?ria e independente capaz de apurar todas as irregularidades cometidas, assim como fazer justic?a a? memo?ria das vi?timas e a? dignidade das fami?lias.

Exigimos o aperfeic?oamento dos mecanismos de controle social da poli?cia militar e que seja implantado com urge?ncia o aparelhamento da poli?cia militar para possibilitar a gravac?a?o audiovisual das operac?o?es policiais, de prefere?ncia com ca?meras acopladas aos uniformes ou capacetes dos agentes policiais, medida que tem sido capaz de diminuir os alarmantes nu?meros de casos de viole?ncia policial nos estados que a adotaram.

Sa?o Jorge e a Chapada dos Veadeiros, si?mbolos de resiste?ncia e diversidade, na?o vera?o a histo?ria de seus filhos e filhas ser manchada pela impunidade e pela viole?ncia do Estado.

Estado de Goia?s, 21 de janeiro de 2022.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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