Bolsonaro passa mal em Goiás e retorna a Brasília sob pressão do STF

Na manhã desta sexta-feira (20), Jair Bolsonaro (PL) interrompeu compromissos políticos em Goiás e voltou às pressas para Brasília após sofrer um mal-estar. A assessoria do ex-presidente confirmou a indisposição, mas evitou detalhar o quadro clínico. A crise de saúde reacende dúvidas sobre sua condição física e psicológica diante do processo que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é réu por tentativa de golpe de Estado.

“Vomito dez vezes por dia”, diz Bolsonaro

A fala do ex-presidente, registrada durante uma passagem por Goiânia, revela o agravamento de seu estado. Em abril, ele foi submetido à sexta cirurgia abdominal desde a facada de 2018. A intervenção durou 12 horas. Desde então, aliados e opositores acompanham com atenção sua rotina, marcada por eventos públicos intensos — como os da Agrovem 2025 e da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia — alternados com sinais de desgaste físico.

Nesta quinta-feira (19), Bolsonaro discursou em cima de um carro ao lado de aliados como o senador Wilder Morais (PL) e os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Fred Rodrigues (PL). Na sexta, era esperado para receber o Diploma de Honra ao Mérito em Anápolis, no Teatro São Francisco. O prefeito Márcio Corrêa (PL) anunciou o cancelamento do evento e pediu orações em nome do ex-presidente.

Mal-estar, tensão judicial e pré-campanha

O mal-estar ocorre em meio ao avanço do processo criminal no STF, que pode levar Bolsonaro a até 30 anos de prisão. Juristas apontam que, caso a Corte o condene por tentativa de golpe, seu futuro político estaria selado. A reação de seus aliados — com discursos religiosos e exaltação à sua “resistência” — evidencia a tentativa de manter sua base mobilizada, mesmo diante de sinais de fragilidade.

Internamente, o PL monitora o impacto dessa instabilidade sobre as estratégias eleitorais para 2026. A ausência forçada do ex-presidente em eventos públicos pode enfraquecer sua influência direta em redutos como Goiás e no setor do agronegócio, onde Bolsonaro ainda mantém apoio significativo.

Projeções e leitura política

A retomada da presença em eventos religiosos e agropecuários indica que Bolsonaro aposta na reconstrução de sua narrativa simbólica, centrada em fé, sacrifício e perseguição. Mas a conjunção entre desgaste físico, investigações judiciais e calendário eleitoral acelerado coloca sua figura numa encruzilhada: será ele um cabo eleitoral ainda viável ou um passivo jurídico e sanitário para a extrema-direita?

Em paralelo, o silêncio estratégico de aliados no Congresso e a movimentação de nomes como Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e até Aldo Rebelo em bastidores presidenciais revelam um campo bolsonarista cada vez mais fragmentado.

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Portanto, o episódio expõe a fragilidade de um líder que tenta sobreviver politicamente à base de fé e resistência. Mas o tempo corre — e o Judiciário também. Cabe ao eleitorado observar se o discurso de martírio ainda sustenta um projeto de poder da extrema direita. E ao país, decidir se segue mirando o retrovisor ou aponta para o futuro.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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