@beattrice_RRivera: Não é e nunca foi um jogo

Não é e nunca foi um jogo

Por @beattrice_RRivera, especial para o Viomundo

Não é um jogo.

É sangue nas veias, coração pulsando, saltando do peito.

E tem início lá atrás, quando se sabe a data, o horário, quando se programa compromissos, agenda e cuidadosamente desviando do horário fatal, do compromisso sublime e supremo, com a emoção.

Porque não é um jogo, é um encontro marcado, com a emoção, com a paixão e com o sonho de naquele momento carregar nos próprios pés um artefato redondo, um objeto mágico.

Alguns nascem sonhando com a bola, com a velocidade e as retas e as curvas que ela traça, na terra ou no ar, ou no etéreo eterno imaginário dos que imaginam controlá-la, enquanto tiranamente submetidos a ela.

E como não é um jogo, na data aprazada a percepção se distorce, torna-se realidade paralela, vira distorção lúdica da realidade, como naqueles espelhos côncavos ou convexos em que se escolhe a imagem projetada que mais agrada, ou mais diverte.

Tudo, tudo se torna secundário, adiável, temporária ou permanentemente desnecessário.

E durante o encontro marcado cada segundo vale, cada segundo conta numa cascata de emoções, respirações, gritos audíveis ou sufocados, todos traduzindo a antecipação daquele momento glorioso em que o objeto redondo escapando ao cerco dos demais e movido com precisão e maestria por seu coadjuvante toca magicamente, balança, uma rede.

Nesse ponto, a explosão.

De quem falhou no cerco, de quem acertou na maestria, todos explodem aliviando momentaneamente a ansiedade, a tensão.

Não é um jogo.

Tudo se repete neste encontro, incessantemente, até o prazo que ambas as partes acordaram seria o final.

Mas tampouco há final, o confronto se estende, horas e dias, anos e gerações e será lembrado por quem balançou mais ou menos vezes a rede.

Porque não é e nunca foi um jogo.

Trata-se de acerto com o destino, destino passado escrito pelos que vieram antes e até destino futuro dos que virão.

Todos unidos por um fio também mágico, feito e elaborado do mesmo material que aquele objeto redondo, um fio que atravessa o tempo o espaço e constrói lembranças, com imagens, datas, números, até estatísticas, elementos mais ou menos estranhos a este mundo mais que mágico, mas que conferem a ele uma ilusão de realidade.

Nunca foi e nunca será apenas um jogo.

E a mágica que condecora, cristaliza essa realidade e escancara para cada um dos que o presenciam, que a matéria com a qual se constrói tal realidade vem da ordem das emoções, do campo das certezas subjetivas da paixão, para enfeitar a percepção do fato.

AVANTI Palestra i grazie, mille grazie.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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