Trump intensifica disputa com Brasil

Deu no NYT: Trump intensifica disputa com o Brasil com tarifas e sanções

O presidente Donald Trump dobrou a aposta contra o Brasil. Após impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a Casa Branca anunciou sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acirrando a crise diplomática entre os dois países. A escalada foi repercutida nesta terça-feira (29) pelo The New York Times, que colocou o Brasil no epicentro de uma ofensiva protecionista e punitiva conduzida pela administração republicana.

Segundo o NYT, as medidas fazem parte de uma estratégia mais ampla de Trump de utilizar o comércio exterior como arma geopolítica. O Brasil se junta agora a países como Índia, China e Irã no rol dos alvos do presidente americano, que transforma tarifas e sanções em instrumentos preferenciais de sua política externa.

Tarifaço de 50% sinaliza ruptura

O tarifaço anunciado nesta quarta-feira (30) atinge diretamente as exportações brasileiras de aço, carne bovina e celulose, setores-chave da economia nacional. Trump justificou a medida com o argumento de “desequilíbrio comercial crônico” e alegou que o Brasil “vem se aproveitando da boa vontade dos Estados Unidos por décadas”. O governo Lula, por sua vez, classificou a medida como “agressão econômica” e já articula retaliações diplomáticas junto à OMC e ao Mercosul.

Nos bastidores, o Planalto vê a ação como uma represália direta à recusa do Brasil em se alinhar à política externa de Washington, especialmente em temas como guerra no Oriente Médio, transição energética e governança digital. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo “não aceitará pressões de potências que desrespeitam nossa soberania”.

A sobretaxa de Trump entrará em vigor no dia 6 de agosto, segundo a Casa Branca.

Sanções a Moraes ampliam confronto institucional

No mesmo dia em que anunciou o tarifaço, Trump incluiu Alexandre de Moraes na lista da Global Magnitsky Act, lei que permite sanções a indivíduos acusados de corrupção ou violação de direitos humanos. O Departamento do Tesouro dos EUA congelou eventuais bens do ministro em território americano e proibiu transações financeiras com instituições sob jurisdição americana, incluindo bandeiras de cartão de crédito como Mastercard e Visa.

A medida gerou perplexidade no Itamaraty e indignação no STF. Trata-se da primeira vez que um magistrado da Suprema Corte brasileira é alvo de sanções unilaterais por parte de um governo estrangeiro. Moraes não comentou oficialmente, mas aliados próximos falam em “ataque inédito à independência do Judiciário”.

A ofensiva é interpretada como uma resposta direta à atuação de Moraes nos processos contra bolsonaristas acusados de tentativa de golpe e disseminação de fake news, temas que irritam a extrema direita internacional e seus financiadores nos EUA.

Governo reage a sanção dos EUA contra Moraes

A resposta do governo brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF) à sanção imposta pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes foi imediata, firme e carregada de simbolismo político. A aplicação da Lei Magnitsky, anunciada pela administração Trump, provocou indignação no Palácio do Planalto, no Judiciário e no Congresso Nacional.

O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, foi direto ao ponto: “Soberania não se negocia”. Em nota pública, o ministro da AGU classificou a sanção como um “grave e inaceitável ataque à soberania do nosso país”. Ele afirmou que o Brasil “jamais admitirá sofrer assédio político contra quem aqui cumpre seu dever constitucional”.

“Merece forte repúdio qualquer tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro, sobretudo quando voltada a afetar a integridade do exercício de suas funções constitucionais”, escreveu Messias na rede X (ex-Twitter).

O AGU assegurou que o Estado brasileiro adotará “todas as medidas adequadas” para proteger a integridade institucional do STF, com ponderação e firmeza, nos fóruns internacionais apropriados.

Gleisi: “Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro”

A presidente nacional do PT e ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, não poupou críticas ao governo Trump nem à família Bolsonaro. Para ela, a sanção a Moraes “é um ato violento e arrogante” que revela interferência externa inaceitável.

“Nenhuma Nação pode se intrometer no Poder Judiciário de outra. Solidariedade ao ministro e ao STF. Repúdio total do governo Lula a mais esse absurdo”, afirmou Gleisi.

A ministra também associou a sanção à atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA, sugerindo que o deputado tem contribuído para ataques à soberania nacional.

Dino ironiza sanção e reforça posição do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, também reagiu com ironia e contundência às sanções do governo americano. Referindo-se ao bloqueio de bens e possíveis restrições de entrada nos EUA, declarou:

“Não sei se o Mickey ou o Pateta vão sentir falta de mim. E se o preço for não conviver com eles, é um preço pequeno, perto da magnitude do que nós estamos tratando aqui.”

A fala foi interpretada como um recado direto à tentativa de Washington de intimidar integrantes do STF e, ao mesmo tempo, uma defesa enfática da independência do Poder Judiciário brasileiro.

O que está em jogo

A aplicação da Global Magnitsky Act contra Moraes representa um gesto inédito e agressivo dos EUA contra um membro do Supremo brasileiro. A medida coincide com o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros e acentua o clima de tensão diplomática e institucional entre os dois países.

Mais do que uma divergência jurídica, o episódio escancara uma disputa geopolítica: de um lado, um Brasil que busca afirmar sua soberania constitucional e, de outro, um governo americano que tenta submeter instituições estrangeiras à sua lógica de poder.

O que pensa o Blog do Esmael

A postura de Donald Trump revela uma visão imperial e unilateral das relações internacionais, onde soberania só vale para os fortes. No caso do Brasil, o tarifaço e a perseguição a um ministro do STF não são apenas agressões comerciais e diplomáticas: são tentativas explícitas de interferir no processo democrático e institucional do país.

Cabe ao governo Lula não apenas resistir, mas denunciar esse tipo de chantagem em fóruns internacionais, com firmeza e altivez. E cabe ao Congresso e à sociedade civil brasileira entender que não se trata de uma questão partidária, mas de defender o Brasil de um inimigo externo travestido de parceiro comercial.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

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