Ressentido, Renato Freitas anuncia apoio a Zeca Dirceu no segundo turno do PT-PR

O Partido dos Trabalhadores no Paraná (PT-PR) vive uma disputa dramática entre dois projetos internos no segundo turno da eleição para a presidência estadual. De um lado, Zeca Dirceu, deputado federal e nome influente da CNB. Do outro, o atual presidente estadual, Arilson Chiorato, deputado estadual que tenta a reeleição com o respaldo das principais correntes da esquerda partidária.

O segundo turno está marcado oficialmente para 27 de julho, com votação presencial em núcleos do partido no estado. No primeiro turno, Zeca liderou com 7.616 votos, contra 7.190 de Chiorato, uma margem apertada que reflete a divisão real no interior do PT-PR.

Renato Freitas critica a direção do partido

A disputa ganhou novo capítulo após o deputado estadual Renato Freitas (PT) declarar apoio a Zeca Dirceu. Em vídeo publicado nas redes sociais, Freitas não poupou críticas à direção estadual e nacional do PT, recordando episódios de abandono político durante sua trajetória:

“Quem é o partido? Ele fica trancado num gabinete com um celular na mão. Seus pensamentos são secretos. Quem é ele? Eu, você, nós somos o partido”, provocou.

Freitas lembrou que foi cassado pela Câmara de Curitiba em 2022 após protestar contra o racismo na “igreja dos pretos” e acusa a direção do partido de ter assinado uma nota oficial condenando sua ação sem sequer ouvi-lo. Segundo ele, a mesma estrutura partidária teria agido de forma similar quando, já deputado, denunciou corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná e ficou sozinho ao pedir a cassação de Ademar Traiano e a abertura de CPI das licitações.

Em fevereiro de 2022, durante uma entrevista à rádio Banda B, o então candidato Lula orientou Freitas para que pedisse desculpas pela ocupação da igreja.

– Peça desculpas ao povo do Paraná – orientou Lula ao então vereador Renato Freitas (PT).

– Esse menino tem o direito de se desculpar, de ser desculpado, mas o exercício da democracia tem limite na hora que ele fere o direito dos outros – afirmou Lula sobre vereador Renato Freitas, na entrevista à Banda B.

Segundo Lula, o então vereador do PT tinha direito de fazer protesto contra o racismo, mas não tinha direito de invadir igreja.

Apesar da decepção, Freitas justificou o apoio a Zeca Dirceu como tentativa de reconstruir um PT mais companheiro:

“Zeca conversou com a gente e prometeu estar junto de dia e de noite, no calor e no frio. Esse é o partido que eu quero.”

Chiorato reúne apoio das principais correntes

Do outro lado da disputa, Arilson Chiorato ganhou musculatura após receber apoios formais de três correntes históricas do PT: Movimento Socialista (MS), Democracia Socialista (DS) e Diálogo e Ação Petista (DAP).

Além disso, Chiorato tem ao seu lado nomes de peso da política petista no Paraná e em Brasília:

  • Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT;
  • Enio Verri, ex-deputado federal e atual diretor da Itaipu;
  • Angelo Vanhoni, presidente do PT de Curitiba.

Esse apoio consolidado tem garantido a Chiorato base entre setores sindicalizados, mandatos de vereança, zonais organizadas e diretórios municipais, especialmente na região Norte e Oeste do estado.

Zeca e Chiorato fazem disputa dramática

A disputa entre Zeca Dirceu e Arilson Chiorato é mais do que uma eleição interna, é um conflito de rumos. De um lado, Zeca propõe uma gestão com foco em centralização, profissionalização e presença institucional. De outro, Chiorato defende um PT enraizado na militância, na construção coletiva a partir dos territórios, com ênfase na autonomia das bases e na radicalização democrática.

A manifestação de Renato Freitas expõe o nervo exposto do debate: a falta de escuta das direções partidárias diante das vozes que enfrentam o sistema por dentro. Ao mesmo tempo, o crescimento de Chiorato, amparado por correntes como MS, DS e DAP, revela que a resistência interna está viva, e disposta a disputar o futuro do partido palmo a palmo.

Entre mágoas e projetos, o PT-PR decide seu futuro

No dia 27 de julho, o PT-PR não definirá apenas um novo presidente, mas resolverá um impasse sobre o próprio sentido de ser petista em 2025. A escolha será entre um caminho mais institucional, articulado ao núcleo federal, representado por Zeca Dirceu, e outro mais enraizado nas bases, com Arilson Chiorato sustentado por correntes que ainda apostam na força da militância para reconstruir o partido.

As feridas expostas por Renato Freitas e a mobilização das correntes em torno de Chiorato mostram que o partido carrega mágoas mal cicatrizadas. Mas também revelam uma oportunidade: renascer com mais escuta, mais coragem e mais coerência entre discurso e prática. Seja qual for o desfecho, o segundo turno deixará marcas, e obrigará o PT a olhar para dentro como há muito não faz.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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