Quem está ganhando com a crise? Tarifaço, prisão e o lucro invisível da especulação
Por trás da comoção com a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), e das manchetes sobre o tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, há um movimento mais silencioso, mas bilionário: alguém está lucrando, e muito, com a crise. A pergunta que não quer calar: quem ganha dinheiro enquanto o país se divide entre torcida e revolta?
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu no dia 21 de julho um inquérito para investigar possíveis operações de insider trading, uso de informação privilegiada, relacionadas à escalada do dólar, à imposição de tarifas pelos Estados Unidos e à repercussão judicial em torno de Bolsonaro. É a primeira resposta institucional concreta à especulação com a tragédia alheia.
Afinal, não se trata apenas de política, trata-se de dinheiro. Muito dinheiro.
Crise política, lucro garantido?
No dia em que Trump anunciou o tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, especialistas estimam que grupos financeiros movimentaram até US$ 4 bilhões, aproximadamente R$ 22 bilhões, com posições estratégicas no câmbio, bolsas e commodities. O mercado se antecipou ao anúncio, apostando na desvalorização do real e na alta de juros internos. Lucros astronômicos, consequências sociais devastadoras.
E, enquanto o dólar sobe, a Selic fica pressionada, e o povo paga mais caro na carne, no café e no crédito. Já os grandes fundos, que dominam a B3 e financiam a velha mídia, celebram em silêncio. É o manual da crise controlada, cria-se o caos e lucra-se com ele.
Mídia corporativa: manchete e lucro andam juntos?
Na manhã do dia 4 de agosto, justamente no momento do plantão e do anúncio oficial da prisão domiciliar de Bolsonaro decretada por Moraes, a GloboNews surpreendeu ao demitir a jornalista Daniela Lima. Ela comandava o Conexão GloboNews e era símbolo de cobertura crítica ao bolsonarismo. O desligamento foi parte do que a emissora classificou como “movimento permanente de renovação do canal”.
Mas nos bastidores, a ação foi comemorada por bolsonaristas que viram na saída de Lima o sinal de uma inflexão editorial por parte do Grupo Globo. A coincidência entre a crise política e a reformulação na cobertura jornalística reforça a impressão de que a mídia controladora se reposiciona quando lhe convém, e lucra com isso.
A velha mídia, especialmente veículos com capital cruzado com bancos e fundos de investimento, tem papel decisivo nesse roteiro. Manchetes alarmistas, cobertura seletiva e pesquisas que reforçam narrativas interessadas ajudam a inflar a bolha da especulação. Por coincidência, alguns desses grupos também têm investimentos em ativos sensíveis ao dólar e às decisões do STF.
Coincidência?
A mesma imprensa que ecoa a retórica de “ditadura do Judiciário” muitas vezes se omite sobre quem está embolsando bilhões em meio à instabilidade. A narrativa está vendida, o país polarizado, e os tubarões nadando livres em um mar de volatilidade calculada.
Ocupação do Congresso ou teatro para a bolsa?
A ocupação simbólica do Congresso por aliados de Bolsonaro, com protestos e obstruções parlamentares, também tem efeito no mercado. Cada gesto de instabilidade política derruba o real, pressiona a curva de juros e turbina derivativos cambiais. Será que parte desse teatro institucional serve, na prática, como gatilho para operações financeiras programadas?
É uma pergunta legítima, e urgente.
A crise como oportunidade para oligarcas
O que temos é um enredo típico de repúblicas capturadas: a crise é real para o povo, mas artificialmente aproveitada por uma elite econômica que se alimenta da instabilidade. Seja pela especulação direta, seja pelo ganho político indireto, essa elite existe, e influencia decisões.
Enquanto bolsonaristas apostam em uma anistia negociada a peso de dólar, e governistas tentam administrar os escombros econômicos, há uma terceira força invisível e poderosa: a dos especuladores que não têm partido, apenas interesse.
Insider trading
A investigação aberta por Moraes sobre insider trading não é apenas técnica, é simbólica. Ela revela que o STF suspeita de algo muito maior do que fake news ou discurso golpista. Suspeita-se que há gente usando o Estado para ganhar dinheiro, e isso é mais grave do que qualquer guerra retórica.
A demissão de Daniela Lima, no mesmo instante em que era anunciado o cumprimento da prisão de Bolsonaro e sob o impacto do tarifaço, não pode ser tratada como coincidência. É sintoma claro da confluência entre mercado, imprensa e política, todos lucrando com a instabilidade institucional.
O Blog do Esmael levanta as perguntas que a grande imprensa evita:
Quem está ganhando com essa crise?
Quem lucra com a prisão de Bolsonaro e o tarifaço de Trump?
Quem manipula manchetes, pesquisa, dólar e narrativas ao mesmo tempo?
Quando a democracia vira ativo de especulação, e o caos político vira alavanca de lucros, é hora de perguntar: quem financia essa crise, e por quê?

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Acompanhe os Bastidores da Política no WhatsApp
Receba, em primeira mão, as análises e bastidores do Blog do Esmael direto no seu WhatsApp.
Publicação de: Blog do Esmael