Projeto popular para o Brasil? Entenda campanha que constrói novas propostas para o país
O Projeto Brasil Popular, espaço que reúne forças de esquerda estimuladas pelo desafio de formular um projeto de desenvolvimento nacional lançou a campanha “O Povo Constrói a Mudança”, que será desenvolvida por meio de atividades de diálogo e formação nas bases populares de todo o país.
O início da campanha foi marcado pelo lançamento de uma plataforma online com o objetivo de abrir espaço e envolver a sociedade na discussão de propostas dos movimentos populares.
Em entrevista ao programa Entrevista Central, Teresa Maia, da secretaria nacional do Projeto Brasil Popular explica como vai funcionar a plataforma e as demais ações da campanha, que promove atividades virtuais, mas também presenciais.
“Junto com os materiais que estamos formulando e disponibilizando nas redes, estamos em diálogo com companheiros dos movimentos populares, de organizações de vários setores da sociedade brasileira para realizarmos, juntos, atividades de formação, de debate. Então temos a cartilha para a formação da militância, mas também vamos realizar cursos, oficinas e outras atividades que estimulem esse diálogo”, explica Teresa.
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Com a proximidade das eleições, a campanha tem uma tarefa fundamental na organização da sociedade e ampliação dos seus anseios, em defesa de um projeto popular e plural. Por isso Teresa explica que para além de um conjunto de boas ideias, a campanha visa a construção de perspectivas frutos do diálogo e da participação das camadas populares, para resolver problemas a médio e longo prazo.
“Esperamos que a formulações que temos até agora, contribuam para esse debate, mas não queremos que esse programa seja apenas um conjunto de boas ideias, mas que seja fruto do diálogo e reflexão junto com o povo brasileiro, porque o povo brasileiro que tem que dirigir um projeto popular para o Brasil”.
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Confira a entrevista completa.
Brasil de Fato: Os movimentos populares que compõem o projeto têm um acúmulo, uma jornada histórica de experiências nas ruas, e agora pretende abrir uma nova frente de luta e reunir mais pessoas no formato virtual. Como será o funcionamento da campanha ‘O Povo Constrói a Mudança’?
Teresa Maia: Desde 2016, quando a gente iniciou essa articulação do projeto, unimos pesquisadores, militantes, intelectuais e conseguimos formular 31 temas, propostas e diagnósticos sobre problemas que afetam a vida do povo brasileiro. Sempre tivemos como perspectiva ampliar esse diálogo com o povo, sobre nossas propostas e sobre essas reflexões. Então a campanha “O Povo Constrói a Mudança” tem esse objetivo de ampliar o diálogo com o povo brasileiro, com ações nas redes sociais apresentando o projeto, o debate que temos feito e, temo também um novo site onde estão disponíveis todos os materiais que já produzimos até agora, como textos, vídeos, cartilhas para o trabalho popular, e além disso vamos realizar outras atividades nas redes e presenciais, para ampliar esse debate.
A campanha vai para além do virtual. Como será esse contato corpo a corpo?
Nossa ideia é fazer um projeto em que o povo se envolva, acredite nas propostas e contribua, inclusive, para aprimorá-la. Então junto com os materiais que estamos formulando e disponibilizando nas redes, estamos em diálogo com companheiros dos movimentos populares, de organizações de vários setores da sociedade brasileira para realizarmos, juntos, atividades de formação, de debate. Então temos a cartilha para a formação da militância, mas também vamos realizar cursos, oficinas e outras atividades que estimulem esse diálogo.
Como será a divisão temática dos grupos? Quais os principais assuntos tratados dentro desses eixos coordenados dentro da plataforma?
Trabalhamos com quatro eixos temáticos, onde estão distribuídos nossos 31 grupos de trabalho. Vamos manter essa distribuição, também nesse momento da campanha ‘O Povo Constrói a Mudança’. Nós temos o eixo de Direitos, onde falamos sobre saúde, educação, cultura, esporte, das cidades, com a proposta de um projeto democrático para as cidades brasileiras e vamos manter como um eixo de debate. Temos um segundo eixo de Economia, Desenvolvimento e Distribuição de Renda, onde estão 14 GTs do Projeto Brasil Popular, que vão desde agricultura e meio ambiente até financeirização. Então é partir para pensar um projeto de desenvolvimento econômico para o Brasil que tenha outros princípios, inclusive o princípio de respeito ao meio ambiente e que também enfrente os desafios principais da nossa população, promova a igualdade, o desenvolvimento e fortaleça a nossa soberania como país. Temos também o eixo de Estado, Democracia e Soberania Popular, onde buscamos ampliar a participação do povo brasileiro, o fortalecimento da soberania popular na decisão dos rumos que nosso país precisa tomar para ser um país melhor no futuro. E temos também o eixo de Igualdade, Diversidade e Autonomia, que entendemos que somente será um projeto popular para o Brasil, que contribui para melhorar a vida do povo, se conseguir enfrentar o racismo, a homofobia, a lgbtfobia e outras opressões que maltratam, e inclusive matam o povo brasileiro. Entendemos que essas chamadas minorias, devem ser maiorias políticas no nosso projeto, por isso vamos orientar os nossos debates nesses quatro eixos, nessas perspectivas.
Como as pessoas podem participar da campanha?
As ações da campanha devem acontecer em parceria com movimentos populares e organizações da sociedade brasileira, então estamos articulando ações, como cursos e oficinas. Os materiais estão todos disponível no site e nas nossas redes sociais, onde vamos estar sempre divulgando as ações abertas e as atividades com os setores específicos da sociedade, então todos podem ficar em contato com a gente, tanto pelas redes sociais, como acessando nosso site e temos também um canal no youtube, onde disponibilizamos material de vídeo. E os movimentos populares e os setores da sociedade vão organizar essas atividades nos estados e nos bairros, então vão ser amplamente divulgados. Mas a nossa dica para todos que querem participar é ficar de olho nas nossas redes e no nosso site, que os convites vão estar circulando.
A eleição naturalmente está no radar dos debates do projeto e da campanha. De que forma ela será elemento de discussão dentro dos grupos?
A gente sabe que 2022 é um ano muito importante para o povo brasileiro, tanto pelas eleições presidenciais, a gente vive uma crise profunda no Brasil desde 2016, que veio se aprofundando e sobretudo com o governo Bolsonaro e com a pandemia. Sabemos que é um ano muito importante e queremos ampliar o debate de projeto junto com as eleições. Acreditamos que todos estão preocupados com o futuro do Brasil e querendo pensar como construir um futuro melhor. Também lembramos que comemoramos 200 anos da nossa independência, apesar de vir trazendo problemas tão antigos e seculares, quanto a proclamação da independência. Sabemos que os candidatos que se colocam como porta-vozes das necessidades do povo vão apresentar propostas para lidar com a crise urgente, que está matando as pessoas, como a pandemia, a fome e o desemprego, mas também acreditamos que é necessário construir um campo unitário dos setores progressistas e de esquerda da sociedade brasileira, para junto com o povo brasileiro, pensar em soluções de médio e longo prazo, que são as soluções que dialogam e constituem um projeto popular para o Brasil. Então esperamos que a formulações que temos até agora, contribuam para esse debate, mas não queremos que esse programa seja apenas um conjunto de boas ideias, mas que seja fruto do diálogo e reflexão junto com o povo brasileiro, porque o povo brasileiro que tem que dirigir um projeto popular para o Brasil.
Diante dessa conjuntura, qual a importância de mobilizar as pessoas para debater o país?
Acreditamos que um novo projeto para o Brasil, que se diferencia do projeto neoliberal, que hoje está trazendo todas essas mazelas para o nosso povo, só será possível se o povo brasileiro acreditar nele. Então acreditamos que temos a tarefa de levar esse debate, apresentar as nossas propostas, e convidar o povo brasileiro para se organizar e lutar, para que elas sejam implementadas e se tornem realidade.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog