No Recife, crianças vacinadas contra a covid-19 ganham livro de presente
Depois de uma longa espera, chegou a vez de João Magalhães, de nove anos de idade, tomar a primeira dose da vacina contra a covid-19, neste sábado (15), no Recife. A Prefeitura liberou os agendamentos pelo aplicativo Conecta Recife na última sexta-feira(14) e, hoje, já era possível receber o imunizante em um dos quatro centros de vacinação montados na cidade.
João tem paralisia cerebral e autismo e, por isso, se enquadrava no grupo prioritário desta fase da campanha. Ele foi se vacinar acompanhado da mãe dele, a professora Jamille Magalhães. O sentimento da família era de satisfação e alívio.
“Nós estamos realmente felizes e aliviados. Porque é um absurdo a postura dos governantes de não incentivarem a vacinação. O presidente abrir a boca e afirmar que não vai vacinar a filha. Estou feliz que meu filho está vacinado, mas, assim, essa vacina está chegando com atraso e sem doses suficientes para todo mundo”, disse Jamille, mãe do João.
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Além de se imunizar contra a covid-19, o pequeno João voltou pra casa com um presente. A Prefeitura do Recife montou uma ação para estimular a vacinação pediátrica, em que cada criança vacinada leva para casa um livro. João escolheu a obra “Bichos”, de Francisco Gilson, e ficou aliviado após a furadinha no braço.
“Foi boa (a vacinação). Eu achei que ia ser pior, mas foi muito boa. É importante para não ficar doente de coronavírus”, comemorou João, já imunizado.
As crianças são recebidas nos quatro pontos de vacinação na cidade com uma equipe de recreadores, de prontidão para quebrar a tensão diante da vacina. Além de Pernambuco, ao menos doze estados iniciaram a vacinação das crianças neste sábado(15), entre eles Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraíba.
Primeira dose com atraso
O alívio vem depois de muitas incertezas. O Brasil recebeu as primeiras doses da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, na quinta-feira (13), quase um mês após a aprovação do uso do imunizante pela Anvisa. Neste intervalo, o governo federal promoveu consultas e audiências públicas para saber se os pais concordavam com a obrigatoriedade da vacinação.
Nesta sexta-feira (14), o Brasil iniciou a campanha de vacinação pediátrica. Em São Paulo, um menino indígena, Davi Seremramiwe, de oito anos de idade, tomou a primeira dose durante evento simbólico no Hospital das Clínicas.
“A gente tem que partir do princípio que a criança não é para morrer. Nós temos que vacinar as crianças para garantir a saúde delas, evitando que elas tenham covid. Elas podem, sim, ter um quadro grave, se internar, e elas podem também morrer. Por isso, é importante a vacinação”, alertou a infectologista, Raquel Stucchi, em entrevista ao programa Central do Brasil
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Os atendimentos nos postos de saúde em São Paulo começam, oficialmente, nesta segunda-feira (17), seguindo o cronograma do grupo prioritário: crianças com comorbidades, quilombolas e indígenas.
O Brasil recebeu uma remessa de 1,2 milhão de doses e a segunda leva está prevista para chegar neste domingo (16), com um carregamento de mais 1,2 milhão de doses. A terceira deverá desembarcar no Brasil no final do mês, com mais 1,8 milhão de doses.
Apagão de dados
A vacinação das crianças no Brasil começa em meio a um novo aumento do número de casos e um apagão de dados do Ministério da Saúde. O Boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado neste sábado (15), alerta para um crescimento de 135% de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre as últimas três semanas de novembro de 2021 e as últimas três semanas de 2022, houve um salto de 5,6 mil para 13 mil casos.
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O levantamento também aponta que 25 dos 27 estados demonstram sinal de crescimento de casos de SRAG. Este foi o primeiro Boletim divulgado após o “apagão” de dados do Ministério da Saúde.
Na quarta-feira (12), uma nota técnica da Fiocruz, por meio do Observatório da Covid-19, alertava para o aumento do número de ocupação de leitos de UTI nos estados. Pernambuco era o estado mais crítico, com 82% dos leitos ocupados, seguido por Pará (72%), Piauí (66%) e Tocantins (61%). Apesar do número alto, a Fiocruz também pondera que “menções a um possível colapso no sistema de saúde, neste momento, são incomparáveis com o que foi vivenciado em 2021”. O mesmo documento atribui este aumento na ocupação de leitos a “ampla e rápida proliferação da variante ômicron no Brasil”.
Publicação de: Brasil de Fato – Blog