MBL diz que vai “analizar” aúdios de Mamãe Falei sobre ucranianas
A cúpula do MBL (Movimento Brasil Livre) está analisando nesta sexta-feira (4) um conjunto de áudios de teor sexista supostamente enviados pelo deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), o Mamãe Falei, durante sua viagem à Ucrânia.
Neles, o pré-candidato ao Governo de São Paulo teria afirmado que as ucranianas são “fáceis” de pegar por serem pobres —e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a “melhor balada do Brasil”.
O deputado estadual de SP Arthur do Val (Podemos) posa ao lado de garrafas que supostamente serão usadas para a produção de coquetéis molotov na Ucrânia – @arthurmoledoval no Instagram
Arthur do Val se encontra num voo rumo ao Brasil, segundo o MBL, que diz que não conseguiu contato com ele e por isso ainda não se manifestou.
A voz dos áudios é idêntica à sua, mas integrantes da organização ouvidos pela coluna afirmam não terem recebido as mensagens em seus grupos de WhatsApp.
“Mano, eu tô mal. Tô mal, tô mal. Eu passei agora, são quatro barreiras alfandegárias. São duas casinhas em cada país. Mano, eu juro para vocês, eu contei: foram 12 policiais deusas. Deusas. Mas deusa assim que você casa e você faz tudo o que ela quiser. Eu tô mal, cara”, afirma um deles.
“Assim, não tenho nem palavras para expressar. Quatro dessas eram minas assim que você tipo… Mano, nem sei te dizer. Se ela cagar, você limpa o c* dela com a língua. Inacreditável. Inacreditável, cara. Assim que essa guerra passar, eu vou voltar pra cá”, segue a gravação.
Um segundo áudio descreve como o deputado supostamente teria usado seus 730 mil seguidores no Instagram para se aproximar de mulheres ucranianas.
“Elas olham [para ele, Arthur] e vou te dizer: são fáceis porque elas são pobres. E aqui, cara, minha carta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Funciona demais. Depois eu conto a história”, diz.
“Não peguei ninguém, mas eu colei em duas minas, que a gente não tinha tempo, em dois grupos de minas, e assim, é inacreditável a facilidade. Essas minas em São Paulo você dá bom dia e ela iria cuspir na sua cara. E aqui elas são super simpáticas, super gente boa”, segue.
O deputado viajou à Europa ao lado de Renan Santos, um dos dirigentes do MBL (Movimento Brasil Livre), para acompanhar o conflito. Os dois decidiram ir à Ucrânia em movimento de contraposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL), reforçando as discussões sobre a guerra no debate eleitoral brasileiro.
Ambos são apoiadores do projeto presidencial de Sergio Moro (Podemos) e críticos de Bolsonaro. No caso da invasão russa à Ucrânia, também atacam a postura de neutralidade do presidente sobre o assunto.
Em outro áudio obtido pela coluna, é descrita uma suposta tática usada por Renan Santos para atrair mulheres loiras em países europeus. A técnica teria sido apelidada por ele de “tour de blond”.
“O Renan ele faz uma viagem todo ano. É que nos últimos três anos ele não fez. Ele chama ‘tour de blond’. O que que ele faz? Ele viaja os países e vai só para pegar loira. Só que ele tem técnicas já, ele já está avançado. Para começar que ele fala sueco, então assim, o cara é viciado nisso. E ele me deu umas dicas”, inicia.
“Por exemplo: você nunca pode ir para cidades litorâneas. Você nunca pode ir para as cidades que têm as melhores baladas. Você tem que ir para as cidades normais, porque aí você pega as minas assim. Você não pega ela na balada, você não pega ela na praia. Você pega ela no mercado. Você pega ela na padaria”, segue.
“A recepcionista do hotel que deu em cima de mim aqui eu… Meu Deus. Falei: ‘Não é possível que isso está acontecendo. É uma mentira, é um filme, não é possível’. E é isso, né. E essas cidades mais pobres elas são as melhores”, finaliza.
Arthur do Val ainda teria afirmado que não “pegou ninguém” durante sua expedição ao país em guerra, mas que já planeja comprar sua passagem aérea rumo ao leste europeu para 2023.
“Eu tenho 35 anos, cara, eu nunca vivi isso. E eu nem peguei ninguém aqui, eu não peguei ninguém aqui, mas só a sensação de saber que eu poderia fazer e sentir como alguém… Enfim, já sabem, né [risos]. Já estou comprando a minha passagem para o leste europeu pro ano que vem assim que eu chegar em São Paulo”, diz.
“Eu nunca na minha vida, nunca, nunca vi nada parecido assim em termos de mina bonita. A fila das refugiadas, irmão, assim… Imagina uma fila, sei lá… Mano, nem sei, estou em palavras. Uma fila de 200 metros ou mais, assim, só deusa”, diz ainda. “Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, a melhor, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui.”
Folha de SP
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