Malafaia convoca atos em apoio a Bolsonaro e Trump para 3 de agosto

Pastor diz que operação da PF fortalece direita e chama base à rua: “Reaja Brasil”

O pastor Silas Malafaia convocou manifestações nacionais para o dia 3 de agosto em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Batizados de “Reaja Brasil”, os atos ocorrerão em todas as capitais, com Malafaia prometendo presença em São Paulo.

O chamado ocorre dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) impor duras medidas cautelares a Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa nos fins de semana, veto ao uso de redes sociais e à comunicação com outros investigados, como seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O ex-presidente é investigado por tentativa de golpe de Estado e articulação internacional para constranger o STF. Na decisão que autorizou a operação da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que Bolsonaro e Eduardo buscaram “atos hostis e negociações criminosas” junto ao governo Trump, com o objetivo de submeter o Judiciário brasileiro à influência estrangeira.

Malafaia, que vem liderando manifestações em defesa da anistia aos golpistas do 8 de janeiro e contra o julgamento de Bolsonaro, vê a ofensiva judicial como combustível para a mobilização da base. “A operação da PF vai fortalecer Bolsonaro e Eduardo”, declarou. Ele aposta na reação popular como forma de pressionar o Judiciário e rearticular a extrema direita.

Durante live transmitida neste domingo (20), Eduardo Bolsonaro ecoou o discurso, sugerindo que “talvez esteja na hora de voltarmos às ruas”.

A convocação também é lida como parte da resposta política à recente retaliação diplomática dos EUA. Na sexta-feira (18), o secretário de Estado Marco Rubio anunciou a revogação do visto de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de familiares próximos. A medida foi vendida como punição por “censura à liberdade de expressão” e teria sido articulada com apoio da ala trumpista do Congresso americano.

Malafaia endossou o gesto, afirmando que a “coerção econômica” via tarifas e retaliações é o novo imperialismo. Ele pediu que a população reavalie seus representantes: “Pesquise o histórico do seu candidato. Ele votou pela soberania ou pelos interesses externos?”. Com isso, minimizou o fato de que bolsonaristas defendem as medidas de Trump contra o Brasil.

Sem poder sair de casa nos fins de semana, Bolsonaro não poderá comparecer aos atos. Ainda assim, o “Reaja Brasil” é visto como um termômetro do fôlego político de sua base diante do avanço dos inquéritos no STF e da iminente definição sobre sua inelegibilidade ou eventual condenação penal.

A estratégia de Malafaia aposta no confronto simbólico com o Judiciário e na tentativa de manter viva a narrativa de perseguição política. Enquanto isso, setores da direita buscam viabilizar a sucessão do ex-capitão nas eleições de 2026, com nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o próprio Eduardo em articulações de bastidor.

A convocação de Malafaia revela que, mesmo sob tornozeleira, Bolsonaro segue no centro da polarização. O “Reaja Brasil” é menos sobre as ruas e mais sobre a disputa por narrativas. O Brasil assiste, mais uma vez, ao acirramento entre Judiciário, Executivo e uma ala radicalizada que não aceita as regras do jogo democrático. Resta saber se o povo responderá ao chamado.

Entretanto, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que esse alinhamento do bolsonarismo com Trump é uma afronta ao Poder Judiciário brasileiro e à soberania nacional. Ela classificou a revogação do visto de entrada nos EUA dos ministros do STF Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes como “uma retaliação agressiva e mesquinha a uma decisão do Tribunal, que expõe o nível degradante da conspiração de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro contra o nosso país.”

“Não se envergonham do vexame internacional que provocaram, no desespero de escapar da Justiça e da punição pelos crimes que cometeram. Ao contrário do que planejaram, a Suprema Corte do Brasil se engrandece neste momento, cumprindo o devido processo legal, defendendo a Constituição e o Direito, sem jamais ter se dobrado a sanções e ameaças de quem quer que seja. O Brasil está com a Justiça, não com os traidores. O Brasil é do povo brasileiro!”, escreveu a ministra nas redes sociais.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

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