Lula afirma que não quer confusão com Banco Central

Imagem: CARLOS ELIAS JUNIOR/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que não quer confusão com o Banco Central, mas destacou que o chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, deve explicação ao Congresso Nacional sobre sua conduta, em um café da manhã com jornalistas de veículos simpáticos ao governo.

“Não quero confusão com o Banco Central. (…) Eu não discuto com o presidente do BC. Ele deve explicação ao Congresso Nacional. Quero é que o Brasil volte a crescer e a distribuir renda”, disse ele, segundo publicação do site 247.

Pela lei complementar aprovada no governo Bolsonaro que instituiu a autonomia do Banco Central, o presidente da instituição “deverá apresentar, no Senado Federal, em arguição pública, no primeiro e no segundo semestres de cada ano, relatório de inflação e relatório de estabilidade financeira, explicando as decisões tomadas no semestre anterior”. Lula e membros de sua administração têm criticado de forma recorrente a taxa de juros elevada, atualmente em 13,75%, e a independência do BC, com o petista afirmando que a instituição não faz mais agora do que quando seu presidente era trocado sempre que um novo governo assumia.

O mercado financeiro tem reagido mal a esses atritos, temendo tentativas de intervenção do Executivo na autoridade monetária. No café da manhã, o presidente repetiu as cobranças para que o BC busque atuar em sintonia com a estratégia macroeconômica da gestão atual de médio e longo prazo.

Disse que é preciso ter responsabilidade fiscal, como teve nos dois primeiros mandatos, mas também responsabilidades política, econômica e sobretudo social, destacando que a última é a que mais importa. “Quando eu era presidente da outra vez, eu tinha o José Alencar para fazer a crítica à política de juros, agora sou eu mesmo que faço”, disse Lula, em outro momento do café da manhã, segundo publicação em seu próprio Twitter. “Não deveria ser normal um presidente da República ficar discutindo com o presidente do Banco Central, verbalmente, porque pessoalmente eu só tive um contato com ele.

Eu acho que as pessoas que acreditavam que a independência do Banco Central ia mudar alguma coisa no Brasil, que ia ser melhor, têm que ficar olhando se valeu a pena ou não”, reforçou ele.

Em evento em Miami pela manhã, no mesmo momento em que era alvo de novos ataques de Lula, o presidente do BC destacou que a independência da instituição é importante porque desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político.

Em palestra no evento 2023 Milken South Florida Dialogues, em Miami, Campos Neto usou a maior parte de seu discurso para falar sobre temas de inovação digital, mas disse brevemente em resposta a uma pergunta que a independência do BC é “muito importante”, por várias razões diferentes.

“A principal razão no caso da autonomia do Banco Central é que desconecta o ciclo da política monetária do ciclo político, porque eles têm durações diferentes e interesses diferentes. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, disse Campos Neto antes de voltar a falar sobre a agenda de inovação da autarquia.

UOL

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Publicação de: Blog da Cidadania

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