Heloisa Villela: ‘Urgente parar o bombardeio de Israel sobre Gaza; um cessar-fogo imediato para salvar as vidas que ainda resistem’

Heloisa Villela: Parar o bombardeio de Israel sobre Gaza é urgente

“Embarco essa noite para o Brasil. Este diário fica por aqui. Mas, como disse, as notícias continuam nos assaltando.”

Diário da Guerra

Por Heloísa Villela (Enviada especial do ICL Notícias)

DIA 13 – 10h21 – 30/10 – Aman (Jordânia)

Está difícil olhar para frente. Para a viagem que vai me levar de volta ao Brasil. Não é possível “deixar para trás” o que está acontecendo com a população palestina. As ruas do mundo gritam por cessar-fogo imediato. É mais do que urgente esse grito.

As cenas continuam se multiplicando, rapidamente, no meu celular. Agora, alguns lugares ameaçados são familiares. Outros, em Gaza, continuam mais distantes. Era impossível chegar perto daquela penitenciária a céu aberto que se transforma, rapidamente, no maior cemitério com o qual o mundo terá que lidar.

Cada um de nós e, especialmente, cada governo, vai ter que responder por suas posturas nesse momento. Vai ter que carregar o peso das decisões que tomou, ou não tomou, nesse momento histórico.

A tentativa de extermínio do povo palestino cria um divórcio cada vez maior entre as pessoas que habitam esse planeta e seus governos.

De certa forma, é um alívio ver que a intermediação midiática, as distrações de celulares, a vida mais e mais virtual, ainda não tomou conta de nós. Que ainda somos capazes de reagir com força diante da desumanidade que bombardeia nossos olhos, mentes e corações a cada minuto. Mas isso não é consolo.

Parar o bombardeio, é mais do que urgente. O governo de Israel não está disposto a discussões racionais. Age com a brutalidade orientada pelos sentimentos mais primitivos que o animal humano é capaz de nutrir.

Netanyahu não sairá ileso dessa desumanidade. Não pode.

A Chechênia se mobiliza para enviar ajuda humanitária aos palestinos. Ramzan Kadyrov, chefe da República Chechena, explicou por que o socorro:

“O mundo quase todo não quer ouvir as vozes das pobres crianças palestinas – vítimas da agressão israelita. Agora, dirigem-se a mim na esperança de serem ouvidas. E o que eu lhes devo responder? O que é que todos nós podemos lhes dizer? É de partir o coração ver a crueldade que os olhos destas crianças são obrigados a ver todos os dias em consequência dos bombardeios israelitas. Elas não só vêem essa crueldade, como a experimentam elas próprias. Vários milhares de pessoas inocentes foram vítimas do horrível ato de genocídio sionista. Ninguém pode agora dizer o número exato. Aqueles que sempre defenderam hipocritamente os direitos humanos não condenam de todo as ações de Israel, mas, pelo contrário, prestam toda ajuda ao agressor”.

O recado aos Estados Unidos não podia ser mais claro. Washington precisa encarar a realidade urgentemente. Já leva na consciência a morte de mais de 8.000 palestinos. Poderia impedir o avanço dessa insanidade. Parar já com tudo isso.

Mas Joe Biden não parece estar disposto a um milímetro de realidade, de humanidade. O presidente que faz sempre o papel do político que tem compaixão, que consola a população nos momentos difíceis, que sofreu com a perda dos filhos e por isso entende o sofrimento de outros pais precocemente órfãos de seus filhos, não passava de uma farsa. Nunca passou!

A máscara caiu de vez. Vai ser difícil ter mais quatro anos no cargo. Mas isso pouco importa.

Só uma coisa tem importância nesse momento. Um cessar-fogo imediato. Salvar as vidas que ainda resistem na Faixa de Gaza.

Embarco essa noite para o Brasil. Este diário fica por aqui. Mas, como disse, as notícias continuam nos assaltando. Estarei por aqui volta e meia. E levo comigo, de volta, uma afinidade e um afeto pelo povo palestino que tive a honra de conhecer um pouco. Quero mais!

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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