Em ato a Herzog, Alckmin evita comentar revisão da Lei da Anistia
Questionado por jornalistas sobre a tentativa de revisão da Lei da Anistia, que perdoou crimes cometidos durante a ditadura militar, o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), evitou a falar sobre o tema, se limitando a dizer que o Brasil “deu bons passos nessa questão”.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva em frente à Catedral da Sé, no centro de São Paulo, onde acontece um ato inter-religioso em memória dos 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, no DOI-Codi, principal centro de repressão do regime.
Veja:
?
Atualmente, há cinco ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a revisão da Lei da Anistia de 1979, que perdoou todos os crimes políticos ocorridos desde 1961, incluindo os cometidos por militares. O principal argumento é que a lei não poderia contemplar crimes contra a humanidade, como aponta a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
3 imagensFechar modal.1 de 3
Pessoas com faixas e cartazes participam de ato na Catedral da Sé, em São Paulo, por Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar
Renan Porto/Metrópoles2 de 3
Pessoas com faixas e cartazes participam de ato na Catedral da Sé, em São Paulo, por Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar
Renan Porto/Metrópoles3 de 3
Presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSDB) fala para jornalistas durante ato pelos 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar
Renan Porto/Metrópoles
Sobre a morte de Herzog, o presidente em exercício disse que foi um resultado de uma política de perseguição à população.
“A morte do Vladimir Herzog foi o resultado do extremismo do Estado. Em vez de proteger os cidadãos, os perseguia e matava. Por isso [a necessidade de] fortalecer a democracia, a Justiça e a liberdade”, afirmou.
Também questionado sobre anistia, Ivo Herzog, filho de Vladimir Herzog, disse que a lei de 1979 é uma “aberração” e que a presença de Alckmin simboliza o compromisso do estado com a Justiça.
“O tema da anistia tem sido sequestrado pela extrema direita. Anistia é um perdão. A anistia de 1979 é uma aberração, porque o regime autoritário da época nunca reconheceu que cometeu nenhum crime. Então como anistiar nenhum crime?”, questionou Ivo.
“Há 50 anos, mais de 8 mil pessoas vieram a esta catedral demonstrar indignação contra essa barbárie cometida contra meu pai. Havia muito medo, medo do Estado. Dezenas de atiradores de plantão, aguardando que qualquer manifestação, qualquer desordem… virasse um massacre. Hoje, na pessoal do Geraldo Alckmin, nós temos o Estado de mãos dadas com a gente para reafirmar o compromisso com a democracia, reafirmar o compromisso com a Justiça.”, complementou.
Além de Alckmin, também está presente o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, que não conversou com a imprensa.
Leia também
-
São Paulo
AGU e filho de Herzog cobram STF sobre revisão da Anistia: “Tortura”
-
São Paulo
Assédio sexual: rabino é excluído de homenagem a Herzog após denúncias
-
Imprensa
Metrópoles vence 47º Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo
-
São Paulo
Alckmin diz que Lula pediu suspensão temporária de taxa de 40% a Trump
Morte de Herzog
O jornalista Vladimir Herzog foi morto em 25 de outubro de 1975, após se apresentar voluntariamente na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), na rua Tutóia, na Vila Mariana.
Na época, o regime militar divulgou uma foto do jornalista com uma com uma cinto amarrado ao pescoço, apontando para um suposto suicídio. Exames posteriores e depoimentos de testemunhas indicaram que o corpo de Herzog apresentava hematomas e outros sinais que não correspondiam a um enforcamento, mas sim a sessões de tortura.
Sete dias após a morte, a missa de sétimo dia de Vladimir Herzog reuniu mais de 8 mil pessoas na Catedral da Sé. O ato, conduzido por líderes religiosos como o cardeal D. Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, então presidente do Sindicato dos Jornalistas de SP, tornou-se marco na resistência democrática.
Metrópoles é site parceiro do Blog do Esmael

Metrópoles é um site de notícias de Brasília, parceiro do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael

