Cuba pede mobilização contra ameaças militares à Venezuela: ‘Objetivo dos EUA é confiscar petróleo’

Um dos principais aliados do governo venezuelano prestou novamente apoio e solidariedade a Caracas em meio a ameaças militares dos EUA. O governo de Cuba publicou uma nota nesta quinta-feira (18) pedindo mobilização internacional contra a ofensiva estadunidense no Caribe. Em nota, a chancelaria cubana disse que o “verdadeiro objetivo dessas ações é confiscar o petróleo e os recursos da Venezuela”.

“Nenhum governo pode recorrer à ameaça ou ao uso da força em violação aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. É urgente separar a mentira da realidade. Cuba pede mobilização internacional para prevenir agressões e preservar a América Latina e o Caribe como Zona de Paz proclamada por seus chefes de Estado e de governo”, diz o texto publicado pelo Ministério das Relações Exteriores.

Para Havana, um ataque militar direto contra a Venezuela teria “consequências incalculáveis” ??para a paz, a estabilidade e a segurança do continente. Ainda, de acordo com o texto, os ataques a embarcações mostram o caráter “hostil e irresponsável” das operações estadunidenses. 

Cuba também reforçou que as declarações dos EUA contra o governo de Nicolás Maduro criam uma “guerra psicológica” para legitimar ações militares contra o governo venezuelano.

“O Secretário de Estado dos EUA, juntamente com seus aliados, que também são responsáveis ??pela atual escalada de genocídio em Gaza, estão tentando impor seus interesses pela força na Venezuela, o que é injustificável e perigoso. Cuba alertou repetidamente que o envio de forças militares dos EUA para o Caribe constitui um ato de provocação e busca desencadear um conflito militar que forçaria a Venezuela a defender sua soberania e integridade territorial”, conclui o texto. 

O governo venezuelano agradeceu a mensagem e disse que o ataque a embarcações busca provocar um conflito militar contra a Venezuela, colocando em risco a vida em toda a região caribenha.

Apoios de aliados

Além de Cuba, outros parceiros de primeira hora da Venezuela se manifestaram. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, toda a movimentação de militares estadunidenses no Caribe prova mais uma vez que a “coerção, a intimidação e o hegemonismo são impopulares e cada vez mais ineficazes”. Ele reforçou também a relação positiva entre chineses e latino-americanos. 

“A China e a América Latina são bons amigos e parceiros em pé de igualdade, caracterizados pela abertura, inclusão e cooperação mutuamente benéfica. Nossa cooperação responde à vontade do povo e aos interesses comuns de ambas as partes. A América Latina e o Caribe não são o ‘quintal’ de ninguém e têm o direito de escolher seu caminho de desenvolvimento e parceiros de cooperação”, afirmou

Ele também ressaltou que os Estados Unidos precisam parar de interferir em assuntos internos que contribuem para o desenvolvimento dos países do Sul Global.

Já os russos reforçaram o apoio que vêm dando desde o início das operações estadunidenses em setembro. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que a pressão estadunidense é “inaceitável”, e rejeitou o uso da força como ferramenta de política externa. Ela também destacou o direito de a Venezuela definir seu próprio caminho.

O Irã também enviou solidariedade e apoio neste momento. O presidente Masud Pezeshkian disse apoiar Maduro durante uma conversa por telefone com a chancelaria venezuelana e garantiu que o Irã “apoiará firmemente a integridade territorial da Venezuela”. Ele condenou as ameaças dos EUA e disse que as agressões contra o povo venezuelano são parecidas com as que seu próprio país sofreu.

“O Irã apoia firmemente a integridade territorial da Venezuela. A coesão interna tem sido nossa maior força diante da pressão externa”, disse.

Já a Nicarágua também emitiu uma nota assinada pelo presidente Daniel Ortega criticando o envio de submarinos e navios dos EUA  para a região. Ele também questionou a capacidade de Washington de fazer esse combate ao tráfico de drogas no próprio território estadunidense.

Ameaças dos EUA

Em setembro, os Estados Unidos começaram uma mobilização de tropas para o sul do Caribe para “combater o narcotráfico”. Mas as declarações do presidente Donald Trump vieram acompanhadas de ameaças contra o governo venezuelano. 

A tensão aumentou na região nas últimas semanas, depois que os Estados Unidos subiram o tom contra o governo Maduro. A porta-voz do governo de Donald Trump, Karoline Leavitt, afirmou que os Estados Unidos usariam “toda a força” contra a Venezuela.

Antes, o Departamento de Estado havia aumentado a recompensa pela prisão de Nicolás Maduro para US$ 50 milhões e, sem apresentar provas, reiterou que o mandatário venezuelano seria chefe do Cartel dos Sóis, uma suposta organização criminosa, sobre a qual não há informações oficiais.

Depois disso, agências de notícias internacionais começaram a noticiar o envio de navios militares para a região. Ao todo, são oito embarcações com 4 mil soldados estadunidenses que foram deslocados ao sul do Caribe para combater o tráfico de drogas.

Em resposta, o governo venezuelano anunciou que deslocaria uma tropa para o sul do Caribe e 15 mil soldados para a fronteira com a Colômbia. O presidente Nicolás Maduro promoveu, ainda, um alistamento em massa de voluntários à Milícia Nacional Bolivariana nas últimas semanas. 

A milícia bolivariana é uma organização formada em 2009 composta por civis e militares aposentados em seus quadros. Eles recebem treinamento para defesa pessoal e fiscalização do território em diferentes contextos — urbano e rural. O grupo passou a compor uma das cinco Forças Armadas da Venezuela, que tem uma estrutura diferente do Brasil.

Há duas semanas, a Casa Branca divulgou um vídeo nas redes sociais, no qual uma lancha aparece navegando e, minutos depois, explode ao ser atacada por uma bomba estadunidense. A publicação, no entanto, não tem detalhes como localização, horário, identificação da embarcação e muito menos quem fez o disparo da bomba. Caracas disse que o vídeo foi feito por Inteligência Artificial.

Depois disso, Washington afirmou ter bombardeado outras duas embarcações e interceptado uma lancha com pescadores de atum.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que os Estados Unidos querem fazer uma mudança violenta de regime no país. O mandatário afirmou que Donald Trump deve abandonar essa ideia, que vem sendo encabeçada pela elite estadunidense.

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Publicação de: Brasil de Fato – Blog

Lunes Senes

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