Bariátrica em Dourados demonstra a viabilidade de um SUS 100% público e estatal, avalia Ronaldo Costa
Bariátrica em Dourados demonstra a viabilidade de um SUS 100% público e estatal, avalia Ronaldo Costa
Hospitais da EBSERH têm 85 mil servidores, incluindo 22 mil médicos e 5 mil cirurgiões. “Existe uma estratégia, em alguns municípios, de priorizar a contratualização de serviços privados na alta complexidade”, critica o cebiano
O Hospital da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) realizou, no final de agosto, a primeira cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Dourados/MT.
A cirurgia é um marco para a região e “a realização de um sonho” para a paciente Cláudia Barros.
Professora de matemática e moradora de Dourados, ela fazia acompanhamento com endocrinologista e nutricionistas do HU desde 2017, e foi a primeira paciente operada.
“Para mim, o mais importante foi em relação à minha saúde, porque eu tinha pressão alta, diabetes, colesterol e também fazia tratamento para ansiedade e depressão. A diabetes era uma das doenças que mais me maltratava. Eu tomava dezoito medicamentos por dia e hoje, graças a Deus, não estou tomando mais”, relatou à Dourado News.
Para o médico Ronaldo Costa, integrante do conselho consultivo do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e superintendente do Ministério da Saúde no Mato Grosso do Sul, a cirurgia bariátrica em Dourados demonstra a viabilidade de um SUS 100% público e estatal. “O SUS tem capacidade de atender a demanda de média e alta complexidade”, avalia.
Ronaldo Costa destaca que 75% dos médicos que se cadastraram no Programa Agora Tem Especialistas já estavam no SUS. “Os 46 hospitais públicos administrados pela EBSERH têm 85 mil servidores, incluindo 22 mil médicos e 5 mil cirurgiões”, afirma.
“Em muitos locais que dispõem de hospitais públicos, os munícipios não fazem as contratualizações dos serviços de atendimento. Existe uma estratégia, em alguns municípios, de priorizar a contratação privada na alta complexidade”, afirma o cebiano.
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“Viva Hermeto Pascoalick, médico cebiano e superintendente do HU-UFGD, por romper a bolha da contratualização e garantir serviço de alta complexidade em Dourados”, parabeniza Ronaldo.
Sete hospitais estaduais do Mato Grosso do Sul, muitos construídos, estruturados e equipados com recursos públicos federais, não se cadastraram no Programa Aqui Tem Especialistas, nem em outros programas federais.
“Isso torna inócua a aplicação dos recursos públicos, porque não produzem os serviços prometidos e necessários para a população. A Rede Federal de Hospitais tem o maior potencial de entregas de serviços”, afirma.
“Temos 450 especialistas no Hospital Universitário de Dourados e 700 no de Campo Grande. Esses profissionais, somados à equipe dos hospitais estaduais, aqui em MS têm potencial para zerar muitas das filas de atendimento”, avalia Ronaldo Costa.
Reportagem: Cebes/Clara Fagundes
Publicação de: Viomundo