‘Falta combinar com Bolsonaro’: cientista política ironiza tentativa de Tarcísio de herdar bolsonarismo em 2026

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a afirmar, no último sábado (30), que concederia um indulto, perdão dado pelo presidente da República a pessoas condenadas pela Justiça, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso seja eleito presidente em 2026 – mesmo sem assumir oficialmente uma pré-candidatura. A fala ocorre às vésperas do início, nesta terça-feira (2), do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que deve analisar o núcleo composto pelo ex-mandatário e aliados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

Na avaliação da cientista política Priscila Lapa, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Tarcísio busca se posicionar como herdeiro do bolsonarismo. “Só falta combinar com Bolsonaro. Está faltando essa combinação”, ironiza. “O que o governador de São Paulo tem tentado fazer é ser o herdeiro no espaço bolsonarista, porque ele pega um público que está animado, um público que está mobilizado nesse momento”, afirma.

Segundo ela, o cálculo eleitoral de Tarcísio é dialogar com a base bolsonarista, que está engajada e acompanhará de perto as repercussões do julgamento. “Se nesse momento ele sinaliza que é um apoiador do Bolsonaro, ele quer, de cara, o apoio desse segmento que está aí, disposto e disponível a ouvir aquilo que lhe agrada, aquilo que é do seu espectro político”, completa.

Indulto impopular

Apesar da tentativa de se manter próximo do ex-presidente, a promessa de indulto pode se tornar um fardo, a cientista política acredita. “Alguns especialistas já têm apontado isso, a necessidade de que um candidato à direita para ser viável em 2026 precisa minimamente romper o movimento estratégico”, cita Lapa.

Ela lembra que pesquisas recentes, como a do Datafolha, mostram que a maioria da população é contra anistiar Bolsonaro e rejeita candidatos que defendam a medida. “Essa pauta, de fato, acaba saindo muito caro. A pauta da anistia, que é uma questão específica do Bolsonaro, [é impopular] justamente porque a população olha com muita desconfiança”, diz.

Cenário para 2026

O desgaste pode, inclusive, favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), provável candidato à reeleição, segundo a especialista. “De uma forma geral, ele é um elo beneficiário desse desgaste do bolsonarismo, dessa divisão de [ideias] e de percepções [que tendem a] implodir esse núcleo mais bolsonarista para que o governador de São Paulo consiga, de fato, viabilizar uma candidatura competitiva”, analisa.

Lapa avalia também que, diante da inelegibilidade de Bolsonaro, a eleição de 2026 pode abrir espaço para uma direita menos radical. “O candidato que consiga ter a habilidade para falar sobre gestão, que consiga apontar as fragilidades do governo Lula sem necessariamente tentar falar no lugar de Bolsonaro pode se viabilizar como o candidato de centro. Falar em centro nesse momento no Brasil é muito complexo, mas talvez uma direita menos radical”, explica.

Para Tarcísio, o desafio será ampliar o alcance para além da base bolsonarista. “35% do eleitorado é bolsonarista, mas não é suficiente para eleger o presidente da República. Precisaria fazer algum tipo de movimento de composição”, pontua.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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Publicação de: Brasil de Fato – Blog

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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