PSD e PT selam aliança no Nordeste; e agora, Ratinho?

Kassab confirma apoio do PSD aos governadores do PT no Nordeste; no Paraná, Ratinho Jr. nega aliança, mas cenário ainda é incerto

A política brasileira ganhou um novo eixo neste domingo (3): o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, confirmou que o partido vai apoiar a reeleição dos governadores petistas no Ceará, Piauí e Bahia. A aliança PSD-PT, já consolidada nos bastidores, torna-se agora oficial e estratégica para 2026.

A notícia, divulgada pelo Estadão, não apenas confirma a aproximação entre os dois partidos nos estados governados pelo PT, como também reforça a análise publicada com exclusividade pelo Blog do Esmael em fevereiro deste ano: o PSD marchará com Lula. À época, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), chamou a projeção de “fake news”. Hoje, seis meses depois, a realidade se impôs, e a pergunta permanece: qual será o destino de Ratinho?

Kassab lulou o PSD no Nordeste — e no Sudeste também

Segundo a reportagem do Estadão, o PSD terá espaço privilegiado nas chapas governistas nos três estados do Nordeste onde o PT é governo. No Piauí e na Bahia, o partido de Kassab indicará o nome ao Senado. No Ceará, onde Elmano de Freitas (PT) buscará a reeleição, a vaga de senador ainda está em negociação.

No Rio de Janeiro, outra surpresa: o PSD também deverá apoiar o palanque lulista. No Amazonas, o mesmo movimento ocorre. Em todas essas articulações, Kassab age com discrição, mas com ambição: quer transformar o PSD na legenda mais influente fora do eixo PT-PL, ocupando espaços regionais e capitalizando a força dos fundos eleitoral e partidário.

A estratégia tem um objetivo claro: fazer do PSD um partido indispensável no Congresso e nos governos estaduais, garantindo musculatura para 2026, seja para compor com Lula ou herdar sua base no futuro.

O impasse de Ratinho Júnior

Com a aliança nacional do PSD com o PT avançando, Ratinho Júnior se vê cada vez mais isolado em seu discurso de fidelidade à direita bolsonarista. Em fevereiro, o governador reagiu com irritação à especulação de que poderia ser vice de Lula. Chegou a publicar em suas redes que se tratava de “fake news” do Blog do Esmael, e nos bloqueou no Instagram. Mas a realidade dos fatos o alcançou.

A legislação eleitoral impõe restrições claras: ou o PSD lança candidatura própria à Presidência, ou se coliga com outro partido. Ou seja, se Lula for candidato, e o PSD não tiver nome próprio, só há duas saídas: apoiar Lula oficialmente ou liberar os diretórios estaduais para alianças locais, o que já está acontecendo no Nordeste.

Ratinho Júnior, portanto, terá de escolher:

  • Aceitar ser vice de Lula, numa chapa ampla que busca ampliar a base no Sul, hipótese que ele rejeitou publicamente, mas que permanece viva nos bastidores, especialmente após o PSD “lular” no Nordeste e no Sudeste.
  • Disputar o Senado pelo Paraná, algo que ele e seu pai já negaram em entrevistas, embora aliados pressionem por essa saída como caminho para manter protagonismo nacional.
  • Tentar uma candidatura própria à Presidência, hipótese considerada remota dentro do PSD e em outras siglas do centrão, por falta de apoio nacional e de tempo de TV, além da pulverização da direita pós-Bolsonaro.
  • Permanecer no cargo de governador até o fim de 2026, mantendo-se no xadrez como figura de reserva, sem riscos eleitorais diretos.

Também existe uma quinta opção, remota, mas politicamente plausível: mudar de partido. Nesse caso, teria de encontrar abrigo numa legenda bolsonarista ou liberal, mas com espaço e estrutura nacional para uma candidatura majoritária.

A bola está com Ratinho

Enquanto Kassab expande seu domínio sobre o Nordeste lulista, Ratinho Júnior segue sem resposta clara sobre seu futuro político. Em meio à fragilização da direita, marcada pela inelegibilidade de Bolsonaro e pelos rachas internos, o governador do Paraná tenta manter-se distante das articulações que envolvem o petismo. Mas a realidade política o empurra para o centro do tabuleiro.

Desde que a Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia formal ao STF contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, líderes da direita correram para se posicionar: Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e até Pablo Marçal (PRTB) saíram em defesa do ex-presidente, atacando a ação como suposto “abuso de poder” por parte do Judiciário.

Já o governador Ratinho Júnior, tido até então como aliado de Bolsonaro, permaneceu em silêncio absoluto.

Essa omissão não passou despercebida nem no campo da direita nem nos bastidores de Brasília. Ao não condenar publicamente a denúncia da PGR, tampouco defender o ex-presidente, Ratinho deu sinais de que evitaria se comprometer com um projeto nacional bolsonarista, ao mesmo tempo em que não assumiria uma aliança formal com Lula e o PT, já em curso dentro do próprio PSD.

Esse duplo silêncio, sobre Bolsonaro e sobre os planos de Kassab, revela o impasse político do governador do Paraná. E, como ensina a velha escola da política, quem joga parado acaba engolido pelo jogo. Sobretudo num tabuleiro em que alianças estão sendo seladas e posições definidas para 2026.

O Blog do Esmael segue de olho em Brasília e nos bastidores de Paraná. Afinal, como diz o ditado, a política é como nuvem: muda o tempo todo. Mas uma coisa é certa: o PSD lulou, e agora, governador?

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

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