General de Bolsonaro confessa plano para matar Lula, Alckmin e Moraes
O general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), assumiu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) que foi o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, um documento que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A confissão foi feita em depoimento prestado ao STF no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, do qual Mário Fernandes é réu por integrar o chamado “núcleo operacional e militar”.
O que dizia o plano “Punhal Verde e Amarelo”?
O documento original, já apreendido pela Polícia Federal, detalha uma estratégia para eliminar fisicamente as principais autoridades do país, em uma operação descrita como “cirúrgica” e “patriótica”. O general Mário Fernandes agora confirma que o conteúdo não era mera especulação, tampouco “pensamento digitalizado”, como tentaram alegar outros réus.
Segundo fontes do STF ouvidas pela imprensa, Fernandes teria confessado a autoria como forma de “assumir a responsabilidade intelectual”, numa tentativa de isentar outros investigados. A estratégia jurídica, porém, pode ter o efeito contrário: agrava o caráter criminoso da trama golpista.
Como essa revelação afeta Bolsonaro?
Embora Jair Bolsonaro continue alegando inocência, a admissão do general agrava a situação jurídica do ex-presidente. O general era um de seus homens de confiança no Palácio do Planalto, e o plano foi elaborado dentro do núcleo mais próximo de assessores militares do ex-presidente.
Além disso, outros depoimentos da delação de Mauro Cid e de oficiais da ativa e da reserva já haviam apontado ações coordenadas entre militares e o entorno político de Bolsonaro para viabilizar o golpe, com uso das Forças Armadas, do GSI, e até de milicianos digitais.
Moraes, Lula e Alckmin como alvos: escalada sem precedente
Nunca antes na história democrática recente do Brasil se confirmou a existência de um plano de assassinato contra os três principais líderes dos Três Poderes, Executivo (Lula e Alckmin) e Judiciário (Moraes).
O ministro Alexandre de Moraes deve autorizar novas diligências, incluindo cruzamento de provas digitais, rastreamento de comunicações militares e quebra de sigilo de e-mails e mensagens enviadas pelo general e seus interlocutores.
O que pode acontecer agora?
A Procuradoria-Geral da República deve apresentar nova denúncia ou ampliar a atual, incluindo qualificações mais graves, como formação de organização criminosa para homicídio de autoridades, além dos crimes contra o Estado Democrático de Direito.
O Planalto ainda não se manifestou oficialmente. No entanto, interlocutores de Lula consideram a revelação uma prova irrefutável da escalada autoritária que antecedeu os ataques de 8 de janeiro, e estudam cobrar do Congresso uma resposta institucional mais dura contra a extrema-direita.
Atentado de Estado
A confissão do general Mário Fernandes marca uma virada no julgamento do golpismo brasileiro. Deixa de ser apenas sobre fake news ou redes antidemocráticas e escancara o grau de radicalização que corroeu parte da cúpula militar.
Não é exagero dizer que o país esteve à beira de um atentado de Estado, arquitetado por quem deveria proteger a Constituição.
É hora de o Congresso, a Justiça Militar e o próprio Exército se posicionarem. O silêncio, neste caso, é cúmplice.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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Publicação de: Blog do Esmael