Israel ataca Irã em plena luz do dia e amplia bombardeios sobre Teerã
Domingo, 15 de junho de 2025. Uma coluna de fumaça negra subia do centro de Teerã, visível a quilômetros de distância, enquanto Israel lançava novos ataques aéreos contra alvos militares e civis no coração do Irã. Foi o primeiro bombardeio diurno da capital desde o início da ofensiva — um sinal de que Tel Aviv agora age sem restrições.
A escalada ocorre após três dias consecutivos de ataques entre os dois países. Segundo o Ministério da Saúde iraniano, ao menos 128 pessoas morreram e mais de 900 ficaram feridas. Israel, por sua vez, contabiliza 13 mortos em ataques retaliatórios com mísseis balísticos iranianos. O conflito, que começou na madrugada de sexta-feira, já atinge também o Iêmen e ameaça o equilíbrio energético de toda a região.
Bombardeios atingem instalações estratégicas no Irã
Entre os alvos da aviação israelense estão o depósito de combustível de Shahran, ao norte de Teerã, e a refinaria de petróleo Shahr Rey, no sul da cidade. O Ministério do Petróleo confirmou que o estoque diário de 8 milhões de litros foi destruído, provocando incêndios incontroláveis. Analistas ocidentais apontam que essa ofensiva marca uma nova fase do conflito: Israel agora atinge a espinha dorsal da economia iraniana.
O Brigadeiro-General Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, afirmou que “a campanha está aprofundando os danos ao programa nuclear do Irã”. Ele confirmou ainda que o aeroporto de Mashhad, a mais de 2.300 km de Israel, também foi atingido, no ataque israelense de maior alcance já registrado.
O silêncio diplomático e o impasse de Trump
O presidente Donald Trump declarou, em sua plataforma Truth Social, que “Irã e Israel devem chegar a um acordo — e chegarão”. Mas até agora, a única ação concreta dos EUA tem sido negar envolvimento direto. O Secretário de Estado, Marco Rubio, descartou uma operação conjunta com Israel.
Nos bastidores, Washington tenta salvar a sexta rodada de negociações nucleares com Teerã, marcada para Omã e já suspensa. O Irã acusa os EUA de cumplicidade no ataque surpresa israelense, uma ação que pode inviabilizar qualquer acordo no curto prazo.
O colapso civil em Teerã e o medo de uma guerra prolongada
Os relatos de civis iranianos em Teerã revelam um país à beira do colapso psicológico. Famílias buscam abrigo em túneis de metrô, escolas e mesquitas. A especialista em direitos autorais Behzed disse ao New York Times que “a explosão iluminou a montanha, como num filme de guerra”. Longas filas em postos de gasolina, desabastecimento e quedas de internet aumentam o clima de pânico.
Na capital israelense, o sentimento também é de insegurança. Em Bat Yam, seis civis morreram após um míssil iraniano atingir um prédio residencial. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou que “esta é uma guerra de salvação contra a aniquilação nuclear”. Ele afirma que o Irã já teria material suficiente para nove bombas atômicas, embora não tenha apresentado provas.
Uma guerra que pode redesenhar o Oriente Médio
Com a Guarda Revolucionária Iraniana prometendo retaliar sem limites e Israel bombardeando também os Houthis no Iêmen, a possibilidade de regionalização da guerra se torna real. Fontes da diplomacia europeia afirmam que “o conflito já compromete a estabilidade no Golfo Pérsico” e que o fechamento do Estreito de Ormuz é uma possibilidade no horizonte — algo que poderia colapsar o abastecimento de petróleo global.
A nomeação do general Ahmad Vahidi, acusado de terrorismo internacional, para liderar a Guarda Revolucionária após a morte de Hossein Salami amplia a radicalização do regime. Para muitos analistas, a guerra entre Israel e Irã já ultrapassou os limites de contenção e está a um passo de envolver as grandes potências.
O que está em jogo para o Brasil
O Brasil acompanha de perto os desdobramentos, especialmente pelos impactos no preço dos combustíveis e na segurança de brasileiros em trânsito pelo Oriente Médio. Como membro rotativo do Conselho da ONY, o Itamraty já se posicionou no início do bombarbeio na sexta-feira (13), por meio de nota:
“O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional. Os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial. O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades.”
O ataque sem retorno e o silêncio das potências
Israel ataca o Irã com intensidade inédita, abalando não apenas Teerã, mas toda a lógica de contenção que prevalecia desde 2015, quando foi assinado o acordo nuclear original. Trump, mesmo com um discurso de paz, age nos bastidores como facilitador da ofensiva israelense — uma equação perigosa em ano pré-eleitoral.
O Irã, por sua vez, resiste como pode. Com sua população cada vez mais exposta, pouco acesso a abrigos e sob sanções duríssimas, o país caminha para um estado de guerra total. A cada novo ataque, cresce a sensação de que esta guerra pode não ter mais volta.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Publicação de: Blog do Esmael